segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


PIETRO

(Pietro Mello)

Ano Novo

Esta manhã João se levantou, lavou o rosto, tomou seu copo de café matinal, espiou os filhos que ainda dormiam, beijou a esposa e foi trabalhar. O dia parecia normal, não fosse por um detalhe: antes de sair, o pedreiro arrancou a última folhinha do calendário grudado à geladeira e sorriu, era 31 de dezembro.

Este ano foi duro na vida de João. A construção de um grande prédio na cidade parecia não acabar mais. Tijolo em cima de tijolo e uma quantidade interminável de pedras davam a sensação de que a obra nunca chegaria ao fim. Porém, ao acordar e confirmar que era o último dia do mês de dezembro, o construtor respirou fundo e encheu seu peito de esperanças.

Ao chegar à construção, João estava feliz. Subiu as escadas do prédio assobiando, pegou sua pá cantando e sujou seu rosto de cimento contando anedotas. Almoçou a fria comida sentindo um sabor inigualável. Às cinco da tarde, olhou no relógio empoeirado e viu que ainda faltavam três horas para terminar o expediente. O céu foi escurecendo e as oito horas chegaram. João desceu as escadas cansado, mas ainda assim animado; abriu os braços e disse aos colegas que os esperava logo mais à noite em sua casa. Há dois meses, o homem já vinha convidando a todos a passarem a virada do ano com ele. Guardou um bom dinheiro para que fizessem uma bela ceia e pediu à mulher que preparasse um belo jantar. Chegando em casa, o pedreiro deu um grande beijo na esposa e abraçou os filhos. Tomou banho, colocou sua melhor roupa, penteou os cabelos e engraxou os sapatos. Os amigos foram chegando um a um e a casa foi se enchendo aos poucos.

Naquela noite o pedreiro bebeu, fumou, dançou, comeu e gargalhou. A meia noite estava próxima, e a euforia da chegada de um novo ano alegrava, cada vez mais, o coração do homem.

Dez

Nove

Oito

Sete

Seis

Cinco

Quatro

Três

Dois

Um

O ano novo chegou. João se despediu de todos e foi dormir, estava cansado e teria muito serviço no dia seguinte. Aquele seria um ano de muito trabalho.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


MARILIA
(Marilia Mayer)

Olhava daquela janela e o que via eram sorrisos, trocas, juntamente com o isqueiro para acender mais um cigarro. Aqueles olhos vermelhos que por vezes metiam medo eram os que choravam por piedade ao serem expulsos de casa. Aquelas pessoas que todos os dias esperavam seus pares sentadas no banco daquela praça escura e sem graça eram as mesmas que trabalhavam de sol a sol para conseguir um prato de comida. Estavam cansados de serem pegos, presos, maltratados e mesmo assim continuavam. Comodismo? Talvez; mas o que se sabe, ou melhor, o que se diz é que quem comandava o tráfico era o filho do presidente. Presidente que tentou colocar um pouco de ordem no país e que algumas raras vezes conseguiu, não conseguira fazer isso ao menos uma vez em sua casa. Corrompidos pelo sistema.Diz-se que era revoltado com o pai, o tal presidente, porque dedicava mais seu tempo para discursos para o país do que para um Bom Dia à seu filho. A mãe? Dizem que o casamento era fachada e que ela acudia o filho toda vez que ele chegava de porre em casa enquanto o pai dormia porque estava cansado.Nunca saberá se isso é verdade, se é mito. o que se sabe com certeza, é que aquelas pessoas sentadas em volta daquela fogueira, falando em voz alta e bebendo mais uma garrafa de vodca eram as que mais necessitavam de uma ajuda, as que mais trabalhavam, as que mais queriam uma mudança. Mas como tudo tornou-se normal, até mesmo a infelicidade, elas tentavam se acostumar a viver sobre os olhares suspeitos da vizinhança.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

MISTO QUENTE

Galera, depois dessa longa parada do blog, porem necessaria, estamos voltando com tudo. Apartir de hoje os textos continuarao sendo diarios e com novos escritores...entao sejam bem vindos de volta.Abraços a todos.




MISTO QUENTE

Que chova sobre nós entao.

Ontem tivi uma experiencia que com certeza me marcou muito e vou me lembrar por muito tempo. Eu vi um longa metragem de uma galera de cachoeira gente, é isso mesmo, de Cachoeira do Sul, cidade do interior do Rio grande do sul.E ele se chama CHUVA SOBRE NÓS, lindo nome.

Alem disso o filme é excelente, mostrando uma historia emocionante e deixando uma mensagem que realmente tocou o coraçao das mais de 500 pessoas que estavam na estreia. Essas pessoas com certeza sairam como eu de lá, surpreendidos, encantados e acima de tudo emocionados.
O filme conta a historia da personal trainner Maria Paula, que descobre que está gravida ao mesmo tempo que está com cancer de mama, entao ela tem que optar, ou gera esse filho que ela tanto sonhou, ou faz o tratamento do cancer, que ainda encontra-se pequeno porem em ascensão.Ela encontra forças nas suas melhores amigas desde a infancia e no seu marido que mostram ser pessoas fundamentais para ajuda-la na luta contra a doença.

Outra coisa que me deixou muito contente, foi que a verba arrecadada na estreia, mais de mil reais, foi revertida para o IMAMA. Belissima açao daa equipe do filme.
O longa é do premiado diretor cachoeirense Cristianno Caetano, e tem como atores principais Francine Schumaker,Carolina Alberto , Gabriela Carpes, Rafael Machado e Cleo Moretti.
Bom pessoal fica aqui minha dica de cinema, longa metragem, nacional e mais que isso da nossa cidade, com nossos talentos e que TALENTOS. Chuva Sobre nós, com certeza voce vai se emocionar.




sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


FERRONY

(Alessandro Ferrony)


O declínio do underground (que aqui nunca existiu)


Pensei em escrever um pouco sobre o underground, afinal, este é meu chão, é daonde eu vim, rato de porão sim, senhores, com muito orgulho e devoção, embora um tanto fora de forma e com pouco excitação neste momento para protagonizar num cenário que domino. E, num exercício buscando fazer um apanhado das coisas positivas que constituem esse verdadeiro estilo de vida, vi que se fosse empilhar minhas experiências nas próximas linhas, meus escritos cairiam num saudosismo barato. Algo que aprecio, é verdade, mas às vezes evito. E é isso que no momento venho tentando, ou evitando.
Por isso tento fugir do personagem que sempre fui pra poder escrever como um voyeur. Não vai ser fácil... hoje em dia o underground se tornou grife. Bom por um lado (para alguns) porque traz à tona o talento de muita gente, bandas, artistas, agitadores e defensores da propagação dessa que é também uma visão de mundo. Mas não são todos aqueles que estão satisfeitos com isso, e eu sou um deles.
Claro que eu fico contente quando vejo, por exemplo, alguma banda formada por amigos, e são tantas, conseguir se destacar e com muito esforço passar a fazer shows para outros tipos de público, mais abrangentes, gravar um cd (hoje em dia já nem sei se sonham com isso, por causa do mp3 e da internet), começar a ganhar uns pilas com sua arte. É bacana, inegavelmente. Mas eu que não sou músico já vejo por outro lado, o de cara que conhece umas paradas bem exclusivas e que se sente roubado quando a manada descobre aquele biscoito fino que até então só você e mais meia dúzia de “pesquisadores musicais” (eta termo bonito, sô!) conheciam o sabor.
Podem chamar de egoísmo que eu não me importo, mas às vezes o anonimato é o que preserva a identidade de certos artistas. Ora, uma vez que se tornem conhecidos e reconhecidos, passarão a ter uma cobrança maior e, dependendo do contrato que assinarem, serão obrigados a deixar que qualquer produtor metido a entendido manipule até mesmo o jeito de se vestirem e as respostas que devem dar em coletivas de imprensa. Será que vale a pena?
Sem contar que no meio dos cifrões o romantismo sempre se perde. Ou alguém aqui acha que atualmente, depois de tomarem várias pauladas na cabeça, as gravadoras apostam em novos nomes baseando-se somente na honestidade do trabalho e na divulgação da arte? Convenhamos, é a mesma coisa que insistir em crer na virgindade de Maria...
Então vamos combinar assim: o underground virou mainstream e todos estão satisfeitos... não, eu não aceitaria esse tipo de proposta! Nunca! Em Cachoeira, de fato, ele nunca existiu. Existiam pessoas ligadas em bandas e comportamentos mais alternativos, mas foram sendo cooptadas pelo sistema e pela mídia com o tempo, e sem maiores resistências. Restam poucos guerreiros, mas em número insuficiente para organizar de verdade uma cena pela primeira vez. Seriam os moleques de 11 ou 12 anos que hoje passeiam pela Sete usando camisetas do Simple Plan e do Nirvana os responsáveis pela construção de algo que aqui nunca existiu? Não levo muita fé, mas espero que me surpreendam e que, dentro de poucos anos, a gente possa viver o “udigrudi” por aqui e que não seja preciso atravessar a ponte do Fandango pra poder ter esse tipo de experiência de vida, que eu já tive fora, mas quero um dia experimentar do lado de cá das barrancas do Jacuí. A minha parte eu sempre fiz e continuo fazendo, esse evento mesmo que estou produzindo, Under Night, que rola dia 12 desse mês no Náutico, é mais uma “semeadura”.
Vamos ver se depois desse novo “plantio” a molecada vai saber cuidar do broto, até que vire tronco e dê frutos. Sim, eu sou teimoso. E que João Gordo nos abençoe!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DIEGO ANDRADE

Hoje galera, tem inicio a coluna do Diogo Andrade. Ele tambem é blogueiro e pode ser encontrado no blog http://www.diegovandrade.blogspot.com/. Bem vindo Diogo.

DIEGO ANDRADE


Os caras despintadas


Quando falamos sobre a determinação e o esculpir da personalidade e alma de um certo indivíduo, caímos sobre as teorias Darwinianas que dizem que o ser é um reflexo do meio em que vive e, baseando o assunto nas relações sociais presenciadas na vida, podemos concluir que tal personalidade é parcialmente moldada com a presença e exemplo familiar.É um fato que cada geração difere-se da anterior no pensamento gerador (aquelas idéias e valores que movem sociedades inteiras), mas é de se esperar que, pelo menos, alguma parcela desse aspecto seja influenciada pelas antecedentes.
O que deveria nos assustar é que nada foi herdado aparentemente.Estando submetidos a uma mesma situação governamental vergonhosa, os jovens de hoje insistem em fechar os olhos para a realidade e anular lentamente tudo o que já foi obtido com o suor da batalha política de anos atrás.
Se não for a próxima geração que irá dominar e regir o país, não há quem lute pela sincera democracia brasileira.
Agradeço o pessoal do blog pela oportunidade de imagem e (é claro) os leitores e seus comentários.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009


REREVOLUÇÃO

(Matheus Tatsch)

No Japão nasce o dia

Uma multidão grita com euforia

Antes da repressão da minoria

Índia, outros lutam, vorazes

contra a mídia, com cartazes

Nossa, do que os cacetetes são capazes...

Alemanha, auf der Straße

oder in der Gasse

die Bullen sind die Rasse

Ajudantes no Sudão

contra irmãos que se matarão

gritos, repressão, podridão

Em Israel, da terra o dono

protesta sem adorno

atingido, morre de abandono

U.S, latas de spray obscuro

a pairar no muro

seu dono, corpo duro

Em casa, grito ao abrir a janela

e como a luz de uma vela

uma bala me escabela

Os protestos, mundiais

Os mortos, numerais

As repressões, radicais

e os gritos são iguais:

Do mesmo lema, todos correm atrás

"O mundo precisa de paz"

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


FERRONY

(Alessandro Ferrony)


Universitário = universo otário

Meus queridos leitores, vocês já repararam como nos últimos tempos a palavra “universitário” vem sendo usada de forma pejorativa? Deve ser armação de algum grupo de influentes que se acham donos do poder, dos meios de divulgação e/ou de produção. Deve não, com certeza é.
Na verdade, não importa quem são os autores, o que incomoda é que ser ou ter sido universitário já não é mais sinal de status ou valorização profissional. Quem acompanha o noticiário nacional viu, por exemplo, o que os homens da capa preta fizeram com o diploma de jornalista. E vem mais desregulamentação por aí, em nome de uma suposta democratização. De araque, de araque...
Hoje em dia quando me perguntam sobre a minha profissão eu não digo mais que eu sou jornalista, até porque atualmente exerço esporadicamente e não vou ficar mentindo que faço tal coisa só porque tenho tal titulação. Digo por aí que sou webdesigner freelancer ou que trabalho com desenhos animados, dependendo da ocasião e da conveniência. Pega bem melhor e ainda ajuda a catar aquelas gordas de cabelo curto que usam óculos de armação robusta. Uma tara ocasional, que me perdoem os fetichistas. Mas voltando ao foco...
Agora até na música deram pra rotular as porcarias assim: primeiro surgiu o Falamansa e pimba... forró universitário! Em seguida, playboys usando camisas Ralph Lauren que se perfumam com Hugo Boss e fazem limpeza de pele cataram uns pandeiros e... tá lá, pagode universitário! E nos últimos tempos, pra completar a lambança, eis que surge uma horda de metrossexuais saídos da roça executando a mais nova fórmula para o sucesso: iniciam a carreira lançando DVDs gravados ao vivo em lugares que a gente nunca ouviu falar... eis o sertanejo universitário.
Ou seja, banalizaram aquilo que um dia foi sagrado: o termo universitário hoje em dia é isso, um xingamento. Com a profusão de instituições de ensino superior particulares oferecendo a maior variedade de cursos possível, alguns sem qualquer fundamento, objetivando somente engordar os cofres dos reitores, todo mundo virou universitário, até a música. E uma palavra que poderia sim ser aplicada no universo musical, mas como elogio, pra definir algo de vanguarda, diferenciado e de qualidade, serve só pra vender subprodutos da indústria fonográfica.
Desse jeito, é melhor ser um analfabeto do que um universitário!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009


XIS
(Leticia Pereira)

Tráfico consciente em Santa Cruz do Sul
“Vou parar de vender. Quem quiser continuar vendendo outra coisa (maconha ou cocaína) pode. Mas, crack, não.”
A venda de crack no Bairro Bom Jesus, em Santa Cruz, será proibida a partir de 10 de Dezembro. Opa! Mas, a venda de crack (como de outras drogas) não foi sempre proibida? Sim. É crime. Mas, dessa vez quem está proibindo não é a polícia, ou a constituição, ou a lei número sei-lá-o-que. São os próprios traficantes (traficantes não, eles gostam de ser chamados de vinculados ao tráfico).
O anúncio foi feito em uma reunião com a presidência da Associação de Moradores no dia 13 de Novembro. “A associação vinha realizando um trabalho de conscientização sobre os males do crack, junto às escolas. Talvez por isso, fomos convidados a participar”, comenta Clairtom Ferreira, presidente da associação.
Essa reunião foi a prova de que o crime organizado é sim, muito organizado. Abrindo as discussões, mães relataram o sofrimento que o crack causa aos seus filhos, depois o próprio presidente falou sobre a droga. “Temos crianças de nove anos usando esta droga, que talvez não cheguem aos 15 anos”.
Então o consumo de drogas acabou naquele bairro? Não. Apenas o crack será proibido, porque é uma droga “eficiente” de mais, os viciados nela não duram muito para consumir mais, o que não é lucrativo para o “comércio”. E os traficantes (opa!) os vinculados ao tráfico garantem que a fiscalização será dura. “Quem for pego consumindo, ou traficando será retaliado.”
E porque só em 10 de Dezembro? “Não podemos ter prejuízo. Temos pedra suficiente até o dia 10, depois não vamos mais comprar”. Então se liguem viciados, talvez role uma promoção de fim de estoque...

domingo, 22 de novembro de 2009



A VOZ DA GALERA


(Fernanda Fernandes)


Eles já não são mais os mesmos

É garotas, tenho a obrigação de informar: os salões de beleza já não são exclusividade nossa. Os homens estão cada vez mais vaidosos e já fazem coisas que antigamente eram o nosso monopólio.
Fiz essa constatação esses dias, quando um item essencial de maquiagem me faltou. Cheguei na farmácia e qual não foi a minha surpresa quando ouvi um cara discutindo com a sua namorada qual era a cera mais indicada para depilação. Fiquei olhando com ar de babaca para os dois, simplesmente não acreditando na surrealidade do que acabava de ouvir.Como assim depilação?? Tudo bem, confesso que sempre tive uma antipatia por homens com pelinhos no peito, e que isso era realmente motivo pra terminar com um cara. Ok, baita besteira, mas era inevitável olhar para aquele peito cabeludo sem soltar um sonoro “eca!”.
Moderninha de mais, me disse minha vó quando comentei o asssunto, enfatizando que homem de verdade tem sim, cabelo no peito, e arrematou: “Tu ainda vai gostar de alguém com pelo no peito”.Acreditem em mim, praga de avó pega.
O Pietro mudou minha vida em vários aspectos, inclusive neste. Ele tem cabelinhos no peito, e adivinhem, descobri que eu gosto! Depois do impacto inicial, comecei a achar charmoso, e fui obrigada a concordar com minha vó, homem com cabelo no peito fica mais másculo, sim.
Não tenho absolutamente nada contra os caras de peito lisinho, mas tenho tudo contra aqueles que eram peludinhos e agora são lisinhos.
Pra quê depilar? Homens, deixem este sofrimento para nós mulheres, nós que de sexo frágil não temos nada, e fiquem com seus pelinhos.
Eu acredito sim na igualdade entre homens e mulheres, e até defendo isso com unhas e dentes, mas existem certas coisas que só caem bem para um dos sexos (ou vocês acham bonito mulheres que bebem feito funil? Tenho certeza que não...).
Viva a igualdade entre os sexos, mas viva também as diferenças

sábado, 21 de novembro de 2009

EVENTO DA VEZ

Pra quem ainda não conhece, o Estação Brasil é um programa especializado em MPB que rola toda manhã de domingo a partir das dez horas na rádio comunitária de Cachoeira, a 104.9 Vida FM. A produção e apresentação estão a cargo do radialista Eliseu Machado, que também é assessor de imprensa da Prefeitura.Só que na edição deste domingo, 22/11, a coisa vai ser um pouquinho diferente. O nosso amigo e colunista do blog, Alessandro Ferrony, vai invadir o estúdio e provar que o rock e a MPB podem andar bem juntinhos, sim senhor. No set, raridades, obviedades e exclusividades de ambos os estilos. É “ouvir pra ver”.

Ficha técnica:Programa Estação Brasil – Especial Rock e MPB
Rádio Vida (104,9 FM) – Ou pela internet: http://www.diocesenet.com.br/
Próximo domingo, a partir das 10 da manhã
Apresentação: Eliseu Machado
Convidado especial: Alessandro Ferrony

sexta-feira, 20 de novembro de 2009


PIETRO

(Pietro Mello)

O Fim da Feira
Esses dias estava eu e alguns colegas conversando em frente à faculdade, o assunto em pauta era a 55ª Feira do Livro de Porto Alegre. Ao perguntar para uma das colegas se ela já havia ido à feira este ano, a resposta foi a seguinte "eu não sabia nem que tava tendo isso!!!". Pois bem, "isso" chegou ao fim neste domingo e com ele números desfavoráveis. Um balanço final mostrou uma queda de 16% nas vendas em relação ao ano passado. Juntei a fala de minha colega com o fato noticiado e concluí: as pessoas não querem saber de ler. Sei que minha conclusão é genérica e precipitada, mas ainda assim, há certa relação entra os fatos. Muitos atribuem o "fracasso" do evento ao bom tempo do feriado que levou a cidade inteira a se refrescar no litoral e ao mau tempo do segundo final de semana que obrigou os porto-alegrenses a ficarem em casa assistindo ao Caldeirão do Huck no sábado. Alguns acreditam que a divisão da feira em blocos e a falta de variedade nas bancas acabou desinteressando o público que ao visitar uma banca saía com a sensação de já ter visitado todas. Vai ver, foram mesmo os vampiros que afastaram o pessoal... É claro que todas as hipóteses são significativas para explicar o mau desempenho deste que é o evento mais importante e querido da cidade de Porto Alegre, mas mesmo assim eu volto à minha conclusão: as pessoas não querem saber de ler e, é este o não

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FERRONY
(Alessandro Ferrony)

Do Molejão a Kelly Key, o mau gosto impera por aqui

Há pouco tempo a grande atração musical e “cultural” em Cachoeira num determinado final de semana ou véspera de feriado foi o grupo Molejo. Ah sim, e vamos chamar o “Molejão” de grupo, porque de banda fica complicado, soa como elogio. OK, OK, alguém já pode estar pensando... “o colunista é fã de rock e hoje está de mau humor, vai sentar o pau nos pagodeiros...” isso mesmo! Mas não é só isso.

Dessa vez a coluna vem denunciar a péssima qualidade das atrações musicais que desembarcam na capital do arroz (nem isso é mais, mas vamos fazer de conta). Música não é obrigada a ter mensagem, eu sei, mas se puder contribuir um pouquinho com o nível cultural da gurizada, que mal tem? E não é com uma banda que foi sucesso há 15 anos com uma música que dizia que era bom tomar cuidado com o cabo da vassoura porque era pior do que cenoura e alguém poderia se dar mal que isso vai acontecer. Pô, mas e eu que achava que cenoura era uma coisa boa, cheia de nutrientes e vitaminas e ótima pra visão! Como eu sou burro.

O que pega e que a galera não sabe é que via de regra os produtores da noite cachoeirense contratam as atrações de acordo com a agenda delas, quer dizer, costumam pegar uma banda, dupla sertaneja, artista solo que preferencialmente já esteja com outros shows contratados no RS na mesma semana pra reduzir os custos. E os caras se baseiam nisso primeiramente, em custos, são regras do mercado, e isso se chama show business. Até aí nada de anormal, mas pô, esse pessoal poderia se preocupar um pouquinho mais com o nível cultural das atrações que vão oferecer para os cachoeirenses, né? Mas o normal é não investirem em artistas de qualidade inquestionável, arriscando ter pouco público. Não é necessário, né? Hmpf...

Mas porque existem esses artistas sem fundamento? Porque existe o público sem fundamento. Gente que não sabe que é vítima da mídia, essa gente que é refém voluntária do Gugu, do Faustão, da Márcia e da Hebe. Povinho que pensa que ver o making of do último ensaio da nova dançarina do É O Tchan nua na Sexy ou descobrir que a namorada do Belo engravidou durante a visita íntima na cadeia via TV Fama é consumir cultura. Que decadência. Criem vergonha na cara, se liguem, desliguem o FM e frequentem a Casa de Cultura, ali na Sete, é de graça. E o pior é que essa gente não procura elevar um pouquinho seu próprio nível, nem adianta dar os toques... é panis et circensis mesmo, e assim está tudo bem.

Então chegará o dia que a Kelly Key voltará a ginásio Arrozão para fazer playback durante 30 minutos e de lá sairá outra vez com o dinheirinho suado dos fãs, que adquiriram seu mais novo DVD no camelô da praça Honorato a quatro reais e foram lá conferir se ela cantava de verdade ou estava só dublando... rá rá rá, me perdoem, mas... bem feito! Tem gente que merece isso!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Marilia

Hoje começa a coluna da mineira Marilia Mayer que possui 16 anos. Ela se descreve da seguinte forma: " Movida pela poesia e pela música e desde já faço isso minha forma de viver. Inconformada com essa juventude clichê e a cegueira do mundo diante da sociedade louca e corrupta em que estamos. Apaixonada por Clarice Lispector, Charles Chaplin e por Augusto Cury. E para mim, nem o céu é o limite" Seja muito bem vinda Marilia.


MARÍLIA

Os tais estereótipos

Que inferno! Desculpando –me da expressão.
Estava pensando, o quão os estereótipos contribuem para depravar a sociedade.
Os gordos são lerdos, os magros são bonitos, os que usam óculos são nerds e os que assumem seu estilo são ‘emos’; e nem raciocinam que emo é só mais um estilo... Se fugiu da mesmice da sociedade está rotulado.
Os gaúchos tomam chimarrão e tem uma pegada mexicana, os baianos são arretados, os pernambucanos são cabras-machos e os mineiros sempre comem pelas beradas.
O Rio de Janeiro tem as lindas mulatas e em São Paulo as badaladas modelos; e o que não me conformo é que o sistema impõe e a sociedade acata. A bandidagem fala, a sociedade se cala. Que País é esse? Como diria Renato Russo.
E o que entristece mais é saber que não é um problema do Brasil e sim um problema do mundo que é regido pela ditadura dos EUA. Estado escravocrata que tem como mérito matar filhos judeus por conta de um punhado de petróleo.
Os tais estereótipos que infernizam o planeta, matam raras belezas e acabam com o bem mais precioso de cada ser, a vida.
Qual o problema de você não ter o carro do ano?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


CONTO DA VEZ

(Mariangela Padilha - Me Morte)

O Baú

-Estão dizendo que a casa é assombrada...

-Não acreditou numa besteira dessas, acreditou?

Meu noivo havia obtido a chave na imobiliária, precisávamos alugar uma casa urgente. O casamento era no próximo mês e ainda não tínhamos onde morar.

-Por que o cara da imobiliária não veio conosco?

-Ora meu amor. Ele confiou na gente, tinha outros compromissos, só isso.

Abrimos a porta da frente e ele entrou para me passar confiança.

-Venha Ana Elisa. Não há nada aqui, olhe.

Entrei e em alguns minutos esqueci totalmente dos rumores de assombração.

-A casa é linda! Olhe, uma lareira...

-Já pensou, a gente namorando ao pé da lareira no inverno?

Marcos me olhou com o olhar carregado de desejo.Em dois dias fechamos o contrato e começamos a mobiliar.

-Amor... Amanhã não poderei vir. É final de mês, trabalho até tarde. Se quisermos nossa lua de mel na praia tenho que deixar tudo certo na empresa.

No dia seguinte bem cedo estacionei na garagem da nova casa. Precisava acertar os últimos arranjos, o pessoal da loja ia entregar nosso jogo de quarto, queria escolher as melhores roupas de cama, afinal íamos estrear uma vida a dois ali.Foi quando ouvi uma voz me chamando. Parecia minha mãe.

-Ana Elisa. Suba aqui, por favor.

-Mãe? Minha mãe ali? Como ela tinha entrado? A chave estava comigo. Minha mãe não sabia que tínhamos alugado a casa. Será que Marcos havia contado e esqueceu de comentar?

-Aqui em cima. Depressa! Socorro!

Subi as escadas correndo e percebi que a voz vinha do sótão.

-Mãe... Está aí em cima? Subi a escada estreita e abri a pequena porta que dava acesso ao topo da casa.

-Aqui...

-Onde? Onde está você?

O sótão estava vazio e só havia um baú num cantinho, meio escondido.

-Aqui. No baú. Venha rápido.E

u senti um calafrio, mas não tive dúvidas, era minha mãe. Corri até o baú e o abri.Era enorme e estava cheio de bonecas de pano.

-Mãe...? Uma das bonecas chamou minha atenção. Seu vestido era lilás e seu rosto não era estranho...Peguei a boneca e fiquei admirando. Tive a nítida impressão que a boneca sorrira.

-Ora. É só uma boneca.

Joguei-a para dentro do baú e quando ia fechar a tampa senti dois braços fortes me empurrando para dentro da caixa. Foi tudo muito rápido e desmaiei.O som vinha de muito longe. Parecia a voz de Marcos. Tinha mais alguém com ele.

-Fica tranqüilo meu filho. Ela vai aparecer.

-Dois dias Dona Luiza... Dois dias sem dar notícia.

Era a voz da minha mãe. Estava escuro. Parecia que eu estava em um lugar trancado, sem luz, sem ar. Tentei gritar, mas a voz saiu fraca.

-Marcos! Estou aqui. Ajude-me!

Não conseguia identificar o lugar onde estava. A voz do rapaz parecia se distanciar. Tinha que reunir todas as minhas forças.

–SOCORRO! Marcos! SOCORRO!

Foram gritos alucinados. Perdi a conta de quantas vezes gritei por socorro. Foi quando levei um susto: O telhado se abriu e um rosto enorme apareceu. Quase enfartei de susto. Parecia um gigante... Minha voz sumiu na garganta. Fiquei paralisada. Era Marcos e minha mãe.

-Ora Dona Luiza. Aqui só tem bonecas de pano. Eu não disse que era só sua imaginação? Saíram e desmaiei novamente.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

XIS

(Leticia Pereira)

Jornalismo é serviço público, não espetáculo

No dia 17 de Junho de 2009, o Supremo Tribunal Federal acabou com a obrigatoriedade do diploma para a contratação como jornalista, declarando nulo o decreto-lei 972 de 17 de Outubro de 1969. No dia 1º de Julho uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) foi apresentada pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) com o objetivo de superar o impasse provocado pela decisão do STF.
A PEC apresenta duas ressalvas: permiti que colaboradores publiquem artigos e textos e que jornalistas provisionados com registro regular (aqueles que já exerciam a profissão até a edição do decreto-lei) continuem trabalhando.

A proposta deve ser votada hoje (11 de Novembro) pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. “A sinalização é que seja votada, mas nunca se sabe”, diz Maurício Rands (PT) relator da proposta. Caso seja aprovada, será formada uma Comissão Especial, que apresentará um relatório antes de a matéria ser apreciada pelo Plenário. O deputado Paulo Pimenta afirma que está trabalhando para que a PEC seja votada pela Câmara ainda este ano “é difícil, mas não impossível”.

Aí está um pequeno resumo dos fatos. Há interesses políticos por trás da decisão? A PEC é “uma confrontação ao STF”? A Rede Globo apóia a queda do diploma? Essa emenda nunca vai sair do papel? Se você procura a resposta para estas questões, lamento. E aviso: pare por aqui. Acredito que respostas “a altura” só podem ser dadas por pessoas “a altura”.
A decisão do STF não acabou com a minha vontade de ser jornalista, nem destruiu meus sonhos.


Claro que eu gostaria que a profissão fosse regulamentada (como o direito, por exemplo), mas existem grandes jornalistas por aí que nunca colocaram os pés em uma faculdade de comunicação, e eu respeito e admiro muito o trabalho deles. Acredito em uma palavra chamada talento. Perfeito seria se esse talento fosse uma pedra bruta que durante o estudo é lapidada e aperfeiçoada, o que infelizmente não condiz com a realidade do nosso país: o acesso à educação ainda é um privilégio de poucos.
A principal atividade desenvolvida por um jornalista é a apuração criteriosa de fatos, que são então transmitidos à população segundo critérios éticos e técnicas específicas que prezam a imparcialidade e o direito à informação, daí a exigência de formação e profissionalismo.

O que me enoja são “profissionais” que saem por aí se orgulhando do fato que nunca gostaram de estudar, nunca leram um livro e odeiam olhar TV (que me desculpem os fãs do Mr.Pi), que são capazes de tudo por um “furo”, que se sujeitam a papparazis, que distorcem a realidade e não são imparciais, que se vendem à propaganda... Isso é uma vergonha para toda a categoria.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009


FERRONY
(Alessandro Ferrony)

Bandas de rock em Cachoeira... no eczistem!
Foi fundada há alguns anos em Porto Alegre a Bandinha Di Dá Dó, um projeto musical maluco, porém muito interessante e criativo capitaneado pelo meu amigo Zé, da No Rest que é, digamos assim, ahn... a banda séria dele. Mas lá pras bandas da capital "bandinha de dar dó" é exceção, mas por aqui não, em Cachoeira esta é a regra. E como na última coluna eu ameacei escrever sobre rock mais uma vez, eis a concretização. Porque eu não só prometo, eu cumpro. Mas na verdade eu tinha pensado em continuar fazendo relatos pessoais, a minha experiência com o rock. Mas daí parei e pensei se isso não seria uma forma de exibicionismo ou de afagar meu próprio ego, e esse erro não posso me permitir cometer. E como quem acessa o blog são pessoas inteligentes e qualificadas (99%, né?), não posso querer transformar isso aqui numa passarela do meu eu e nem subestimá-las, não acham?
Mas deixa eu seguir com essa "linguiça", o meu poder de síntese é limitado, mas eu acho isso uma vantagem, e às vezes é justamente a falta de objetividade que prende a atenção de quem lê. Bueno, adiante. E como esse blog é de Cachoeira, idealizado por um cara de Cachoeira e que gosta de tomar banho de Cachoeira hoje eu vou escrever sobre as bandas de rock de... Cachoeira. Queria eu ter coisas boas para dizer e redigir a respeito das tais bandas, mas é impossível. Na verdade o que existem são pessoas, quase na totalidade jovens, que empunham instrumentos sem saber tocá-los, ou que o fazem mal e porcamente. Gente que saiba tocar, que dá pra chamar de músicos é exceção.
Uma época era regra começar tocando Ramones, afinal, todo mundo que se envolve com o rock e com bandas tem a sua fase Ramones, é quase impossível escapar. Eu já tive a minha também, e tenho vergonha disso. Mas como dessa vez o texto não é sobre alguma experiência do colunista, vamos em frente. OK, mas tudo bem, vá lá... também não dá pra ser crítico demais, querer que de cara a piazada pegue uma guitarra e saia tocando que nem o Joe Satriani, seria uma cobrança injusta. Mas o que pega é que passa o tempo, em alguns casos anos, e os "músicos" não evoluem, não saem do zero, não contribuem em nada. Ah, mas sempre haverá alguma festa popular num domingo ensolarado na praça com distribuição de erva-mate, cuja última atração da tarde é uma banda de rock local e lá estarão os gurizinhos assassinando riffs alheios e meia dúzia de gatinhas, colegas de aula daqueles que estão em cima do palco, ajudando a perpetuar o ciclo reprodutivo desses verdadeiros rockstars de bairro, verdadeiros apedeutas musicais. É triste, mas é verdade: estamos em novembro de 2009 e não há uma mísera banda de rock nesta cidade que seja digna de ter seu nome mencionado nesse texto ou nesse blog. Em outros tempos a gurizada se puxava mais, havia mais criatividade e mais suor, era mais difícil conseguir os instrumentos, o pessoal valorizava mais cada conquista.
As referências também eram melhores. Nos anos 80 e 90, só pra não ir mais longe, neguinho formava banda inspirado no U2, no Guns N' Roses, no Nirvana, no Metallica... ótimas influências, sem dúvida. Hoje em dia a gurizadinha ganha guitarra importada de 5 mil reais sem fazer muita força pra tocar cover do Reação Em Cadeia e da Fresno e quando se arriscam em alguma composição própria sai sempre algo na linha "ai meu amor, você me deixou, estou cheio de dor, estou de coração partido, sou um pássaro sem ninho", e por aí vai... que horror!
Bom, pra quem nunca experimentou Jack Daniel's, Toddy morango é tequila.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


MISTO QUENTE
(Rogerio Colombelli Mielke)

Cuidado isso queima: é a DEMOcracia

Para quem nao sabe a DEMOcracia é denominada como a competição entre meia duzia de votos sinceros e conscientes contra milhares de votos de um zé povinho que recebeu algo em troca para votar. Infelizmente nossa opiniao não é válida quando dependemos de meia duzia de reais para sobreviver.

As vezes tambem devemos usar nosso espaço no blog para desabafar e nesse momento é isso que farei. O que eu vi esse final de semana foi algo repugnante, inaceitavel ou resumindo burrice pura. Sabado passado ocorreu a escolha da rainha da Feira Nacional do Arroz e essa escolha foi por votaçao, sim a boa e velha DEMOcracia. Porem ocorreu o que infelizmente ocorre sempre, o dinheiro venceu novamente. As pessoas nao escolheram candidatas por beleza, por inteligencia, por simpatia ou por maneira de se portar. As pessoas escolheram por beneficios delas proprias devido aos "mimos"que ganharam durante a campanha.E é muito hipocrita quem falar ao contrario, todos vimos porque estava estampado na nossa frente, de maneira clara, alias, clarissima.

Realmente esse é um concurso que nao vai mudar muito a vida da populaçao, mas ele nos mostra claramente como o "ZÉ POVINHO" elege seus representantes politicos. Enquanto essa maioria que nao pensa, decidir pela minoria, continuaremos como estamos, ou seja, com essas personalidades "exemplares" no poder.

Brasileiros: essa porçao de osso, musculo e adjacentes que voces possuem acima do pescoço, não é somente um apoio para o boné. Sugestao: procure usa-la para outras coisas tambem, fica a dica. Depois não reclamem...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009



A VOZ DA GALERA

(Fernanda Fernandes)


Descobri minha paxão por jazz por acaso. Já tinha escutado alguma coisa, mas nunca prestei atenção realmente, até que um dia, assistindo ao programa do Jô, vi uma banda que faz tributos à grandes nomes do jazz, e foi então que conheci a Billie. Juro, ela mudou minha vida.No começo, gostei apenas da musica, melodiosa, cheia de ritmo e suavidade. No outro dia corri para o Ares, procurando por aquele nome tão novo para mim: Billie Holiday. Foi ouvir a primeira musica na voz dela pra me apaixonar. Uma voz rouca, que cantava com um desespero como se sua vida dependesse daquilo.Acabei virando fã e descobri que essa mulher, além de uma cantora genial, era de fibra, daquelas que apanha muito da vida e nem por isso desiste. Aos doze anos foi violentada por um vizinho e depois de passar por um abrigo para vítimas de estupro, começou a lavar chão de prostíbulos. Daí para começar a vender seu corpo foi um pulo. Sua carreira de cantora começa em 1930, quando ameaçada de despejo, sai às ruas do Harlem à procura de dinheiro e entra num bar, onde se oferece como dançarina, o que não agrada aos donos do local. o Pianista do bar, sensibilizado com a situação da moça, pergunta se ela sabe cantar, e ali começa a carreira de um dos mitos do jazz. Foi polêmica e problemática. Entregou-se aos vícios do àlcool e das drogas, e nestes vícios acabou perdendo sua vida.Uma gigante da musica mundial, que ainda emociona com sua voz rouca e cheia de sensualidade.Pra quem ainda não conhece, uma dica, pra quem já ouviu, uma homenagem.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009



FERRONY

(Alessandro Ferrony)


Do que o Paulo Ricardo e a Maria do Carmo são capazes

Na minha estreia no blog eu falei da apedeutada safada que habita uma vilinha beeeem conhecida de todos nós e semana passada escrevi sobre quando a gente erra na hora de votar, lembram? Bom, se não lembram, ou não leram, tem no arquivo. Mas hoje eu vou abordar um tema mais simpático que é também parte da vida de todos nós, não importa a idade: a música... mas não simplesmente música, hoje eu vou falar de rock, e da minha experiência pessoal.

Lembro de lá pelos idos de 1983 ou 1984 ter recebido a visita de uns primos mais velhos de Viamão, mas não tão velhos assim, porque era tudo um bando de piás, eu tinha cinco ou seis anos e os primos um tinha onze e o outro uns quinze. Porém, a diferença era suficiente para que eles estivessem mais envolvidos com a coisa do que eu, né? E daí eles apareceram com um vinil de presente pra mim, era uma coletânea de rádio FM e trazia os hits do então emergente rock nacional, que já tinha parido, até aquele ano e só pra ficar naquela década, Blitz, Os Paralamas do Sucesso e que em 1985 veria a maior explosão e fenômeno do rock tupiniquim até os dias de hoje: falo do RPM.

O grupo, cuja sigla significa Revoluções Por Minuto, tinha como ídolo seu frontman Paulo Ricardo, que era o galã da época e o cara com quem todas as menininhas que haviam deixado de ser fãs do Menudo estavam a fim de perder a virgindade. Pra incrementar o status do cara ele pegava a Luciana Vendramini, uma ninfeta, ex-paquita que hoje seria algo na linha mulher-fruta ou atriz da Malhação.

Num belo dia, eis que eu ligo a TV e tá lá o Paulo Ricardo dando entrevista pra Maria do Carmo ao vivo no Jornal do Almoço. Faz tempo isso, a Maria do Carmo âncora do JA, vão “milianos” truta... tá, mas deixa esse detalhe quieto... bom, o RPM ia tocar aquela noite no Gigantinho e como eu tinha seis ou sete anos e não teria como ir, pedi uma grana pra minha mãe e fui na Grazziotin, ali na Julio, mesmo prédio onde tá até hoje comprar o bolachão de 12 polegadas ao vivo dos caras.

E foi mais ou menos assim que começou a maldição, com um vinil ganho e outro comprado. Queria que nessa história tivesse um vinil roubado, pra dar um charminho a mais. Ah, mas eu não tô aqui pra inventar mentiras, pô! E, a partir disso, sempre que dava (sempre dava, quando o cara tem nove, dez anos tem a tal da “mesada” que sempre vai parecer maior do que qualquer salário que a gente venha a ganhar depois, né?), comprava sempre na semana de lançamento os K7s (eu gostava mais das fitinhas que dos discos) originais dos Engenheiros (que horror, ainda bem que o cara evolui), Ultraje, Ira!, Legião, sem contar as bandas gringas, lia a Bizz e a Somtrês, as bíblias da época em se tratando de jornalismo rock no Brasil, ouvia o Pediu, Ouviu na 102 FM (tem ainda?)... enfim, entre outras iniciativas, eu dava o meu jeito pra estar por dentro do que rolava e com isso acabei ganhando muitas amizades, tudo por causa do rock.

Acho que na próxima coluna eu vou continuar dentro desse tema, bateu o saudosimo agora...

terça-feira, 3 de novembro de 2009


A VOZ DA VEZ

(Rogerio Mielke)

Antigamente...

Antigamente minha vó dizia:"filho não esquece o casaquinho porque está frio na rua". Hoje ela me diz: "filho não esquece teu coletinho a prova de balas porque ta foda na rua".
Antigamente os pivetes ajudavam as velhinhas a atravessar a rua, hoje ajudam as velinhas a carregar suas bolsas, porem não devolvem.
Antigamente encontrávamos crianças perdidas e dávamos balas para as mesmas, hoje nós e as crianças somos encontrados por balas perdidas.
Antigamente andavamos soltos pelas ruas até tarde da noite, hoje estamos presos na nossa própria casa a qualquer hora do dia.
Antigamente as pessoas andavam sorrindo e tranqüilas, hoje andam tensas e desconfiadas de qualquer ser humano que se aproxime.
Antigamente a frase mais falada era Obrigado Senhor, hoje é perdeu Playboy.
Antigamente os maiores ladrões começavam os assaltos falando "passa tudo o que tiver", hoje eles começam com a frase: "brasileiros e brasileiras nessa eleição vote..."

segunda-feira, 2 de novembro de 2009


REREVOLUÇÃ0

(Matheus Tatsch)

Calor
tanto o tempo se passou
que esqueci o que é o tempo
tanto tempo se alastrou
que esqueci o quão quente é o vento
sufocado por átomos
estrangulado, imundo
isso é um bimundo
e não sei sobre qual estávamos
penas no meu hálito
pretas flores florescem
enquanto eu, de hábito
chorando acordo, saudades cem
as cidades, magestrosas
os jardins, as rosas
os beijos e canções amorosas
tudo pra trás, tragédica prosa
a alegria da igualdade
mesmo no mundo desigual
minha raça, idéia, religiosidade
era, perante todos, legal
e nós aqui, de tantas raças
vivendo a par de ameaças...
nada menos é a nostalgia
que relembrar momentos
fortes, intensos; intentos.
um mundo de magia.

Mignon de Goethe me incentiva
porque sua razão sim uiva!
Nur wer die Sehnsucht kennt,Weiß was ich leide!
não é o bater dos dentes
que me dá saudade
é saber, que estou, entendes...
de volta ao "Brasil" de Andrade!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A VOZ DA GALERA
(Fernanda Fernandes)

Apelo verde esperança
Esses dias fui surpreendida com a seguinte visão: uma menininha de mais ou menos seis anos, chamando a atenção da mãe por esta ter colocado papel no cesto de lixo orgânico. Fiquei maravilhada com a cena, uma criança tão pequena, com uma consciência ecológica tão agucada. Mas meu ânimo não durou muito tempo. A mãe, contrariada pela represália da filha, logo emendou: "Não faz diferença, é tudo lixo...". Ah, assim me enfraquece, né?! A criança ali, disposta a cooperar para que os netos dela ainda tenham um planeta pra viver, e a mãe, muito inteligente, responde que coleta seletiva é perda de tempo.É por causa dessa falta de preocupação, que o nosso planeta está literalmente derretendo. Quem se importa com a alta emissão de carbono? o que interessa é ter um carro e não precisar andar de ônibus lotado. Quem se importa com a separação do lixo? isso exige muito tempo do seu dia.Desculpem o clichê, mas o planeta está morrendo e nós não fazemos nada mais a não ser olhar o fim se aproximando...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


FERRONY

(Alessandro Ferrony)

Errar e assumir: vocês estão prontos?

Confesso que como colunista deste blog ainda não me dei a oportunidade e o respeito aos demais colegas de ler as colunas alheias pra saber por onde vai o pensamento de meus parceiros escribas. Isso é um erro e é motivado pela correria e pela preguiça, duas belas e solenes desculpas que todo mundo adota, não importa a ocasião. Mas logo colocarei a leitura em dia, essa semana ainda, tenham absoluta certeza.

Pois bem, mas este meu erro não chega a ser grave. Hoje eu vou tratar de um erro maior, quando a gente erra na hora de votar. Eu já errei na hora de votar. Não na última eleição, que foi local. Nessa eu votei certo pra prefeito e pra vereadora e estou me orgulhando das minhas escolhas. Mas na penúltima vez que votei errei feio, bem feio.

Taí uma coisa bonita e útil: admitir o erro, dar o braço a torcer. Uma coisa é a gente votar em fulano ou ciclano e depois cobrar se achar que não estão correspondendo às nossas expectativas, individuais e coletivas, evidentemente, e dar aquele puxão de orelhas pra ver se entram na linha. Mas tem aqueles que a gente vota errado e depois percebe que são baita falcatruas e chefes de quadrilhas, inclusive, que daí não tem como a gente se manifestar porque em alguns casos não vale a pena.

Mas em outros casos é bom a gente deixar que sangrem até a última gota, entronados e com o cetro na mão, mas bastante debilitados e tomando pau da mídia diariamente. Mídia esta que é bom salientar que JAMAIS será mediadora da realidade, e sim ATRIZ DA POLÍTICA, assumindo o papel e induzindo os leitores/telespectadores/ouvintes/internautas a votar naqueles candidatos que forem mais convenientes e servis aos interesses dos donos das empresas de comunicação (leia-se $). O que não dá mais é a gente ficar assistindo a mídia escolher o candidato que ela quer e ir na onda, achar que somos nós que estamos elegendo A ou B. A mídia não é só uma atriz, é uma prostituta. Uma putana dessas bem baratinhas, que fazem ponto no meio-fio com a bunda e as tetas à mostra.

Então, já sabem: ano que vem tem eleição outra vez e creio que a maioria dos leitores deste blog não tenha ainda idade suficiente pra ter votado mais que duas vezes na vida, então, se em alguma dessas oportunidades já erraram, dia 03 de outubro de 2009 terão a chance de acertar, pra não deixar que o nosso estado e o nosso país sejam eternos palanques de politiqueiros falastrões e palco de negociatas escusas.


terça-feira, 27 de outubro de 2009


REREVOLUÇÃO

(Matheus Tatsch)

"Paguei 10 reais

e repeti o prato

Já o outro

pagou com sua vida

e não repetiu

nem o dia"

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

XIS

(Leticia Pereira)


Eles são a Lenda
Sou fã de Stephen King. Acho que o único escritor que se compara a ele é Richard Bachman (isso foi uma piada pra quem não sabe Bachman é um pseudônimo do Stephen). Todo autor é meio louco e todo louco que se preze tem um pseudônimo. Estou escolhendo um pra mim...
Voltando a falar sobre o meu ídolo, o melhor escritor de contos de horror fantástico e ficção de sua geração (não discuta comigo). Seus livros foram publicados em mais de 40 países e muitas das suas obras foram adaptadas para o cinema. Deu pra entender né, que eu sou muito fã do cara. E quando vou à biblioteca da faculdade dar uma “espiada” na estante 813 (uma estante inteira de livros de terror) ocasionalmente encontro outros loucos como eu. Puxamos papo, falamos de coisas “cultas” e tal e é claro sobre o Stephen. Então um deles me pergunta: sabe qual é o autor preferido do Stephen? Richard Matheson.

Nunca tinha ouvido falar do cara. Mas, como uma fã que se preze, pesquisei no Google. E adivinhem? Conheço e muito bem o cara. E ele é literalmente O CARA. Jornalista, escritor e roteirista de filmes. Me apaixonei.
E aposto que você também conhece ele. Quem não chorou olhando Amor Além da Vida? Ou se apavorou com o seriado Além da Imaginação? Quem não se emocionou com o Dr.Robert Neville se sacrificando para salvar o mundo em Eu Sou a Lenda? Um filme pós-apocalíptico de ficção científica/terror de 2007, dirigido por Francis Lawrence e estrelado por Will Smith. É a terceira filmografia adaptada do livro homônimo de Matheson, precedida por Mortos que matam (1964) e A Última Esperança Sobre a Terra (1971) – todos absolutamente distintos, representando o cinema de suas épocas.

Smith interpreta o virologista Robert Neville, que é imune a um vírus originalmente criado para curar o câncer. Ele trabalha para criar uma cura enquanto vive em Manhattan no ano de 2012, numa cidade habitada por mutantes vítimas do vírus transmitido pelo ar, diferente do livro que é atemporal e fala da infecção da população por vampirismo. O mais impressionante é que em 1954, Matheson detalha como um ser tão mitológico quanto o vampiro, pode ser explicado de forma lógica e científica. A Warner Bros detém os direitos do livro desde a década de 70 e quase lançou o filme em 90, com Ridley Scott como diretor e Arnold Schwarzenegger como protagonista, mas o orçamento cresceu tanto que ambos deixaram o projeto.
Livro e filme não trazem finais felizes para Neville (o filme tem um final alternativo feliz nos extras do DVD), porém o livro é mais apocalíptico e pessimista, há certa reflexão sobre o comportamento do protagonista para com os infectados, ele até se sente atraído pelas mulheres. Robert Neville do livro é uma lenda no sentido pejorativo, como se fosse um ser realmente extinto, que fica trancado em casa, bêbado, se lamentando. Já o Dr. Neville, soldado e cientista, no filme é um herói, um mártir.

Quer saber? Leia o Livro, veja o filme! Que ao que tudo indica terá uma seqüencia, com o roteiro feito pelo próprio Richard Matheson.

domingo, 25 de outubro de 2009


CONTO DA VEZ
(Pietro Mello)


A Moldura

Ela: era de um dourado desbotado, cujo brilho fora levado pelo tempo. Havia lascas e arranhões num dos cantos. As florzinhas em relevo que enfeitavam as bordas, agora já tomavam ares de natureza morta. Fora comprada pelo velho, logo que casara há mais de meio século numa pequena lojinha de bugigangas que ficava localizada na esquina da rua principal, e desde então, nunca saíra daquela parede verde musgo.

Em sua essência: a imagem em preto e branco. Um homem vestindo um calção de listras, o peito nu, os dentes tão alvos quanto as nuvens dum dia claro, o corpo magro e os cabelos lisos e molhados. Abria os braços como se abraçasse o vento; uma mulher de longos cabelos louros segurando pela mão um menino, seus cachos, apesar de estáticos, dançando com a brisa, e o sorriso estampava em seu rosto a alegria do momento; o menino tinha um ar sério enquanto segurava sua mãe pelos dedos. O cabelo era escuro e muito curto, a pele bronzeada e os olhos semi-serrados pelo forte sol; o mar ao fundo tremulava, e ao olhar os guarda-sóis, tinha-se a impressão de que a qualquer momento levantariam voo e alcançariam o céu.

A moldura guardava em si, longas datas de existência. Desde a foto, muito tempo se passou. A mulher morrera fazia dez anos, vítima de problemas pulmonares. O garoto, agora vivia longe. Casara-se com uma mulher mais velha havia treze anos. Antes, ele e a mulher visitavam a casa de parede de musgo uma vez por ano. Após a morte da mãe, as visitas tornaram-se meros telefonemas no natal.

Ele: tinha a barba branca e longa, a testa enrugada e os olhos pareciam grandes demais através dos óculos de lentes grossas. Sentado na velha poltrona vermelha, apoiava os pulsos numa bengala de madeira forte. As veias muito aparentes saltavam na mão branca. A perna direita a tremer, a esquerda a dormir. Contemplava a essência da moldura. Olhava-se nela e lembrava-se dos tempos em que a praia era seu maior refúgio. Onde o tempo parecia sossegado e o planeta dava a impressão de estacionar em sua órbita. Pensava na esposa que possuía aqueles cachos tão dourados e brilhantes. Recordava os castelos de areia que construía com o filho. Lembrou-se da vez em que ao terminarem de construir um castelo, uma forte chuva começou a cair. Todos saíram do mar. As pessoas fecharam suas cadeiras e barracas. As mulheres e crianças se exaltaram. Os relâmpagos iluminaram o céu, e as ondas se tornaram assustadoramente grandes. O pai e o filho apenas permaneceram com os olhos voltados para a sua construção na praia , e assim ficaram até as gotas destruírem sua última torre.
O olhar não dizia nada, mas em seu íntimo pensava apenas, que os dias foram claros e felizes e que a vida valera a pena. A imagem alegre da família enchia sua mente de todas as lembranças boas que guardava.
Aos olhos vieram a imagem do jardim que a esposa regava com tanto cuidado todas as manhãs. Da casa na árvore que fizera certa vez para o filho, e de cada sorriso e abraço familiar.
Se olhasse agora pela janela, veria apenas galhos escuros pelo chão. Contemplaria folhas secas que o vento leva e traz. Enxergaria a areia do deserto em seu próprio quintal e inspiraria somente a melancolia do lugar.

Solidão: o vazio das sensações em seu peito.
Por isso, preferia vislumbrar a parede de musgo e a natureza morta que era a moldura, mas principalmente gostava de sentir sua essência. Esta sim lhe trazia as memórias, os gostos, os cheiros e lhe permitia tocar o passado com os dedos.
De repente: uma lágrima a correr debaixo dos seus óculos.
Os olhos se apagando, a respiração sumindo , a perna até então trêmula, a adormecer. O pensamento se esvaindo. A alma se transformando em anjo. As mãos se abrindo. Um último suspiro. Uma bengala ao chão.

Morte: algo que não se representa numa moldura, mas que fica para sempre nas memórias de sua essência

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


FERRONY
(Alessandro Ferrony)

A Coordenadoria e os estudantes
Eu pensava que nunca ou que então fosse demorar bastante até eu escrever algo pra coluna relacionado ao meu trabalho. Mas como exerço um cargo público também não tem porque não trazer à tona certos aspectos do meu cotidiano, misturando o pessoal e o profissional. Bom, espero que não seja algo desinteressante... acho que não. Pois bem, como noticiado anteriormente, inclusive aqui no blog (vá até os links de arquivo), Cachoeira agora tem o seu órgão governamental gestor de juventude. Em alguns municípios é secretaria, em outros diretoria, aqui se chama Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas Para A Juventude. Uma tripa esse nome, né? Mas isso é o que menos importa e a galera já tá chamando simplesmente de Coordenadoria da Juventude. E o que mais importa é o trabalho que eu e as coordenadoras-adjuntas temos para desenvolver.

Através desse órgão o nosso município já pode se habilitar ao Pronasci Pleno. O Pronasci é um programa do Governo Federal e através dele Cachoeira já obteve algumas conquistas, como viaturas para a polícia, computadores, etc. Mas para poder acessar recursos do Pronasci Pleno, ou seja, um Pronasci mais encorpado, é pré-requisito a administração municipal ter um órgão gestor de juventude. Agora tem, e por uma questão estratégica ainda não estamos divulgando com quais modalidades do Pronasci já estamos envolvidos, justamente porque os trâmites burocráticos demoram, é ofício pra lá, ofício pra cá, ligação pra deputado tal em Brasília, mil detalhezinhos. Mas fiquem atentos, nos próximos meses tem coisa boa a que a gurizada nem sonha chegando no pedaço...

No momento nosso cavalo de batalha é a reorganização do movimento estudantil secundarista, que já foi muito forte e reconhecido até fora do país, já teve dirigente da finada Umesc que viajou para fórum de estudantes em Cuba para falar sobre a experiência do movimento estudantil cachoeirense. E é por essas e por outras que eu não consigo aceitar que esse movimento tenha morrido. Por isso, e inclusive é algo que está previsto por lei, a Coordenadoria tá botando uma pilha aí na gurizada dos grêmios estudantis das escolas que tem Ensino Médio, pra que somem esforços, sem vaidades e com muito suor, para que a voz dos estudantes de Cachoeira volte a ser ouvida. Os estudantes sempre tiveram opinião e não podem agir de maneira passiva. Tem escolas aí onde a direção quer mais é que os alunos sejam ovelhinhas obedientes, que não saibam questionar. E a galera peca muito hoje em dia com o individualismo. Todo mundo quer se dar bem, é claro, isso ninguém condena, quem não quer? Mas há maneiras e maneiras de se dar bem. E por que não fazer um trabalho em conjunto, onde não só alguns, mas todos possam se dar bem? E é no bem coletivo que eu não consigo parar de pensar.

O jovem não pode ser um cordeirinho na mão de um professor ou diretor, tem que se rebelar, questionar e, questionando sua própria escola, questiona a sociedade. Questionando a sociedade, questiona o mundo. E isso se chama transformação. Nesse sentido, já demos os primeiros passos, animadores. Tem um povo aí bastante interessado e a grupo vai aumentar. Alguns toques que eu precisava dar já dei e agora é só persistir, pra que daqui a pouco a gurizada possa ter uma nova associação de estudantes fortes, ou que ressuscitem uma das que já existiram por aqui, como eles bem quiserem, e possam ter a autonomia necessária, sem precisar de vínculo com nenhum governo e nenhum político, independência mesmo.

E eu, vestido ou despido do cargo de coordenador da Juventude, como cidadão vou estar sempre aí pra dar uma mão. Avante, gurizada.


terça-feira, 20 de outubro de 2009


MISTO QUENTE

(Rogerio Colombelli Mielke)

Bom pessoal na coluna de hoje, eu gostaria de compartilhar com voces um texto que recebi por email, e acho que vale a pena repassa-lo.Abraços a todos e espero que gostem.


EU, sentar ao lado de um negro?????

(FOLHA DE SÃO PAULO / março 2006)

Uma mulher branca, de aproximadamente 50 anos, chegou ao seu lugar na classe econômica....e viu que estava ao lado de um ...passageiro negro.Visivelmente perturbada, chamou a comissária de bordo.

- Qual o problema, senhora?, pergunta uma comissária.

- Não está vendo? respondeu a senhora.- Vocês me colocaram ao lado de um negro. Não posso ficar aqui. Você precisa me dar outra poltrona.

- Por favor, acalme-se, disse a aeromoça. Infelizmente, todos os lugares estão ocupados. Porém, vou ver se ainda temos alguma disponível'.

A comissária se afasta e volta... alguns minutos depois.

- Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre na classe econômica. Falei com o comandante e ele confirmou que não temos mais nenhum lugar nem mesmo na classe econômica'.E continuou:

- Temos apenas um lugar na primeira classe.E antes que a mulher fizesse algum comentário, a comissária continua:

- Veja, é incomum que a nossa companhia permita à um passageiro da classe econômica se assentar na primeira classe. Porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa tão desagradável .E, dirigindo-se ao senhor negro, a comissária prosseguiu:

- Portanto, senhor, caso queira, por favor, pegue a sua bagagem de mão, pois reservamos para o senhor um lugar na primeira classe.

E todos os passageiros próximos, que, estupefatos, assistiam à cena, começaram a aplaudir, alguns de pé.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


ENTRE ASPAS
(Pablo Raphael Severo)


Carta de Bento Goncalves ao regente do Império do Brasil aos 12 de outubro de 1835.

Senhores.- em nome do povo do Rio Grande depuz o governador Braga, e entreguei o governo ao seu substituto legal marciano pereira ribeiro. E em nome do Rio Grande eu lhe digo q nessa província extrema, afastada dos corrilhos e conveniências da corte, dos rapapés e salamaleques, não toleraremos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer espécie. O pampeiro destas paragens tempera o sangue rio-grandense de modo diferente do de certa gente que há por ai. Nos, rio-grandenses, preferimos a morte no campoaspero da batalha do que as humilhações nas salas blandiciosas do paco do rio de janeiro. O Rio Grande e a sentinela do Brasil que olha vigilante para o rio da prata. Merece, pois, mais consideração e respeito. Não pode, nem deve ser oprimido por déspotas da fancaria. Exigimos que o governo imperial que nos de um governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, pelo nosso progresso, pela nossa dignidade, ou nos separaremos do centro, e, com a espada na mão, saberemos morrer com honra ou viver com liberdade. E preciso que V. Exa.saiba, Sr regente, que e obra difícil, senão impossível, escravizar o rio grande, impondo-lhe governadores despóticos e tirânicos. Em nome do Rio Grande, como brasileiro,eu lhe digo, Sr. Regente, reflita bem antes de responder, porque da sua resposta depende talvez o sossego do Brasil. Dela resultara a satisfação dos justos desejos de um punhado de brasileiros que defendeu contra a voracidade espanhola uma nesga da pátria; e dela também poderá resultar uma luta sangrenta, a ruína de uma província ou a FORMACAO DE UM NOVO ESTADO DENTRO DO BRASIL”.
Carta de 12 de outubro de 1835, onde Bento Gonçalves fala pela primeira vez em separação da província, se não atendidas as exigências da revolução, colocando o governo imperial num dilema.
Esta belíssima carta demonstra fielmente a tradição de sermos um povo politizado e culto, porém com seguintes escândalos, envolvendo não apenas o nome da nossa atual governadora, que por sinal é paulista, uma raia no estádio Engenhão custou a bagatela de 40 milhões, este foi o custo de uma, ou melhor a nona raia. Lembrando apenas que pessoas sem personalidade são nada.
‘’Quanto menos você sabe, mais acredita’’.

domingo, 18 de outubro de 2009

REREVOLUÇÃO

(Matheus Tatsch)

Tentativa ou tentação?
o brilhar
o olhar
o brilhar
do sorriso
o pensamento
a idéia
o argumento
a matéria
o pé
junto ao pé
o observar
da maré
de pessoas
as pessoas
nós, pessoas
enamorando-se
em raios banhados
de paixão e razão
nós, pessoas
pessoas que tentam
pessoas que se tentam
pessoas que tudo tentam
para a outra tentar
seria a tentativa pequena demais
ou a tentação demasiado grande?
pessoas, juntas, cada vez mais
mãos, correndo, juntas, em debande
Versuchung oder Versuch?

sábado, 17 de outubro de 2009


A VOZ DA GALERA

(Fernanda Fernandes)

Detesto coisas padronizadas, na verdade tenho um verdadeiro pavor disso. Dia desses passeando com meu namorado por aí, parei para apanhar algumas amoras do pé (adoro amoras...), quando o Pietro vira pra mim e fala "Amor, tem um bicho ali!" e eu, na maior calma do mundo respondo "deixa o bicho". Juro que a cara dele foi impagável. Sabe aquele misto de espanto e frustração? Pôxa, só porque sou mulher não significa que vou fazer um escândalo por causa de um inseto, não é?
Nunca achei a mínima graça em usar as mesmas roupas que os outros, em ouvir as mesmas músicas, ir aos mesmos lugares. Acho o normal uma coisa muito da chata. Porque cargas d'agua então eu me comportaria como a maioria?
Não sou do tipo fresca e gosto de coisas atípicas. Meu negócio é saira na rua cantando alto, em correr feito louca dando gargalhadas, ou simplesmente abrir os braços quando bate uma brisa.Sou a favor das pessoas serem felizes sem serem uns robozinhos. Adoro gente estranha, cheia de mania, tenho uma simpatia por excluidos e pelos imcompreendidos também.
Eu não quero ser um ítem de série, e você?