
Este ano foi duro na vida de João. A construção de um grande prédio na cidade parecia não acabar mais. Tijolo em cima de tijolo e uma quantidade interminável de pedras davam a sensação de que a obra nunca chegaria ao fim. Porém, ao acordar e confirmar que era o último dia do mês de dezembro, o construtor respirou fundo e encheu seu peito de esperanças.
Ao chegar à construção, João estava feliz. Subiu as escadas do prédio assobiando, pegou sua pá cantando e sujou seu rosto de cimento contando anedotas. Almoçou a fria comida sentindo um sabor inigualável. Às cinco da tarde, olhou no relógio empoeirado e viu que ainda faltavam três horas para terminar o expediente. O céu foi escurecendo e as oito horas chegaram. João desceu as escadas cansado, mas ainda assim animado; abriu os braços e disse aos colegas que os esperava logo mais à noite em sua casa. Há dois meses, o homem já vinha convidando a todos a passarem a virada do ano com ele. Guardou um bom dinheiro para que fizessem uma bela ceia e pediu à mulher que preparasse um belo jantar. Chegando em casa, o pedreiro deu um grande beijo na esposa e abraçou os filhos. Tomou banho, colocou sua melhor roupa, penteou os cabelos e engraxou os sapatos. Os amigos foram chegando um a um e a casa foi se enchendo aos poucos.
Naquela noite o pedreiro bebeu, fumou, dançou, comeu e gargalhou. A meia noite estava próxima, e a euforia da chegada de um novo ano alegrava, cada vez mais, o coração do homem.
Dez
Nove
Oito
Sete
Seis
Cinco
Quatro
Três
Dois
Um
O ano novo chegou. João se despediu de todos e foi dormir, estava cansado e teria muito serviço no dia seguinte. Aquele seria um ano de muito trabalho.