quinta-feira, 7 de maio de 2009

A VOZ DA GALERA
(Fernanda Fernandes)

A cor da pele determina a capacidade intelectual de uma pessoa? Comecei a coluna desta semana com esta pergunta, que tenho feito para mim mesma há muito tempo. Não, a cor da pele não determina se uma pessoa é menos capaz que outros. Essa semana o senado votará a mudança do quadro de cotas das universidades, decidindo se as mesmas serão reservadas por questões étnicas ou socioeconômicas. De acordo com o novo projeto de lei, 50% das vagassões reservadas para estudantes de escolas públicas. Metade destas cotas são para estudantes com renda familiar de 1,5 salário mínimo, e as demais para alunos com renda superior acima disso. As cotas racias são 12,5% deste total, fazendo parte da galeria de cotas para os mais carentes. Eu, particularmente, torço pelo fim das cotas racias, que ao meu ver, são discriminatórias e associam os negros à falta de instrução. É vergonhoso ver um país onde a maioria descende de africanos, separar o "joio do trigo", apontando o dedo de forma preconceituosa para quem deve ou não entrar em uma universidade, não por seus méritos pessoais, mas, como ouvi uma certa senadora dizer, "para indenizar os afro-brasileiros pelos anos de escravidão de seu povo". Não acho isso correto, conheço pessoas negras de uma inteligência tremenda, que são tão capazes de passar em um vestibular quanto os brancos que se auto declaram superiores. Será que o governo e os defensores das cotas racias não percebem que o problema não é a cor da pele, mas sim o ensino público? Que me desculpem os afros apoiadores da causa, mas cotas racias são humilhantes e degradantes, e não combinam com um povo de cultura tão rica.

8 comentários:

  1. Issoo ai nandaaa, falou tudo... a cor da nossa pele nunca foi e nunca será um determinante de intelecto...realmente o governo com esse metodos simplorios de pedido de perdao por seculos de escravidao, esta apenas tentando mostrar uma imagem de bom moço, quando o mais certo porem mais dificl caminho, que é melhorias no ensino publico, está longe de ser cogitado. Parabens pelo tema nanda, tu falo muito bem... Não as cotas raciais

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  2. Concordo que o sistema de cotas não é uma solução plausível para o descaso do governo com a educação principalmente das classes baixas. Porem, deve-se pensar muito bem antes de simplesmente criticar tal sistema. Um dos propósitos do sistema racial, o de sanar a divida que o pais tem com a população negra, é realmente um absurdo, pois isso jamais vai compensar anos de descaso e abuso com nossos irmão afros. Porem, é notável que a quantidade de estudantes negros, (desde as escolas), é ridiculamente baixa. Menor ainda é a quantidade dos que tentam um vestibular. Muitos não tem condições de pagar cursinhos e a velha solução "vá trabalhar pra pagar as contas", muitas vezes não é plausível para eles, pois é fato que os negros encontram maior dificuldade no mercado de trabalho, tanto para ingressar quanto na questão salarial. Muitos recebem menos apenas pela cor da pele. Sendo assim, realmente pode não ser justo competir por uma vaga com alguém que não tem as mesmas armas que você que faz cursinhos ou estuda em colégios particulares a vida toda.
    Tudo bem que não somos os culpados por essa situação de desigualdade e muita vezes somos prejudicados perdendo a vaga para alguém que não precisou se dedicar a metade do que nós nos dedicamos. Mas infelizmente enquanto a educação não melhorar, essa é uma das poucas formas de dar condições a algumas pessoas de sonharem com um futuro melhor. Alias, isso diminui até mesmo a criminalidade que é visivelmente resultado da miséria e da falta de opção para muitos.
    Por fim, sou contra as cotas nas faculdades também, mas se bem analisada, a situação é muito mais complexa pois tirar as cotas resulta em tirar o sonho de muitas pessoas com menos condições do que você.

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  3. Eu concordo em parte com o que tu falou duda...e ti pergunto, o vestibular eh feito para ver qm tem mais condiçoes de aguentar o tirao que é a faculdade fderal, tu axa que facilitando as provas, as pessoas que adentrarem vão estar preparadas para encarar as difuculdades, partindo dos principios de que os assuntos que aprendemos no ensino medio nao serao relembrados pelos professores?

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  4. Na verdade primão, ao meu ver o vestibular é muito mais uma forma encontrada para adequar o enorme numero de candidatos que o fazem, as pouquíssimas vagas disponíveis, ou seja, se houvessem vagas para todos, nem haveria vestibulares. Partindo desse pressuposto, o vestibular na verdade não tem nada a ver com o grau de dificuldade ou exigência das graduações. Alias, ele torna-se mais difícil a cada ano apenas pelo aumento do numero de candidatos e a minoração do numero de vagas, logo, a média necessária para entrar acaba subindo devido ao aumento da disputa. Os negros pouco tem a ver com esse aumento de candidatos, devido ao diminuto numero dos que chegam a tentar um vestibular. E no mais, quando se tem acesso a faculdade também abrem-se mais portas para o estudo, através de bibliotecas, monitorias ou colegas mesmo, logo, apos adentrar na faculdade vc tem mais recursos para estudar.
    Continuo achando as cotas raciais uma forma errônea mas valida de incentivar os menos favorecidos a buscar um futuro melhor. O único ônus é a conotação racistas que essa medida acarreta e talvez o prujuizo que traz para quem investe para passar no vestibular e "perde" a vaga porcausa das cotas.

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  5. Discordo com o que você disse duda, acredito sim que o vestibular é uma forma de preparar o estudante para a dificuldade que ele vai enfrentar na faculdade.
    é claro que há a falta de vagas, isso é indescutível, mas temos que estar cientes de que cotas racias não são a solução

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  6. Na verdade Fernanda, o que deveria preparar você para uma faculdade é o próprio colégio. O ensino médio. O vestibular foi criado somente pela falta de vagas. Pode até ser que ele prepare mais os estudantes, mas isso ocorre porque os que passam geralmente são mais inteligentes e dedicados, porem, isso é devido ao estudo e esforço deles e não ao vestibular em si. Pode até ser que ele sirva de incentivo para este estudo a mais, mas se o estudo fosse qualificado no Brasil e se todos estudassem e corressem atrás, todos estariam preparados para a faculdade e havendo vagas para todos, não haveriam vestibulares, ou seja, segundo a idéia de vocês sobre o vestibular, se o mesmo não existisse, ninguém estaria preparado para fazer uma faculdade!? Pode até ser, mas continuo achando que isso é um problema do ensino no Brasil.
    Só pra reforçar, não sou a favor das cotas racias caso alguem não tenha entendido ainda, apenas acho que seria pior remover elas antes de se encontrar alguma outra solução, pois querendo ou não, elas ajudam muitas pessoas sem as mesmas condiçoes de ensino que a maioria que faz vestibulares tem.

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  7. Concordo e ao mesmo tempo discordo do seu pensamento. Concordo no sentido de que uma solução a longo prazo seria a melhora do ensino público, desde pré-escola até o ensino médio. Isso foi o que o Chile fez e hoje está “colhendo os frutos”, pois é o país com melhor qualidade de vida da América Latina. Já o Brasil que têm a maior economia, têm também a maior desigualdade do mundo, em que uns exibem todo seu “glamour” e outros vivem do lixo. Discordo quando você diz existe uma teoria, se é que pode ser chamada disso, em que alguns afirmam que os negros tem menor capacidade intelectual. Isso é algo totalmente descartado, tanto para os que defendem e os que são contra. Essa corrente de pensamento esteve vigente na metade do século passado, e tinha uma força muito forte nos EUA. Era denominada Eugenia. Foi nela que o nazismo (tão criticado pelo EUA) teve suas bases teóricas. Hoje no entanto, os argumentos são outros. Não existem negros estudando em universidades públicas, e esse é o ponto principal dessa lei. A sua intenção é inseri-los nesse meio. Estudei em universidade pública e conheci aproximadamente 300 alunos das turmas que entraram ou que já estavam no curso quando ingressei. Desses 300 alunos sabe quantos negros conheci? Parece mentira, mas eram apenas 2. Isso equivale a 0,66 % de todos os alunos. Entra na universidade pública quem estudou em uma escola com “ensino de qualidade” (isso quer dizer escola particular mesmo) e que tem condições financeiras de ficar certo tempo fazendo um curso preparatório para o vestibular. Essa é a realidade do ensino no Brasil. Isso talvez explique a frase da senadora, pois os negros nunca foram inseridos no contexto social, e isso desde o fim da escravidão. Os donos de terra e o governo na época os deu liberdade (liberdade?), mas não deram o direito de ter comida, educação e uma forma digna de vida. Para “embranquecer” o Brasil, “importaram” principalmente italianos e alemães para servir de mão de obra, enquanto os negros continuaram a margem da sociedade. Confesso que já pensei da mesma forma que você (isso não quer dizer que deva pensar como eu, essa é a penas a minha opinião), mas quando dei-me conta de que se ao menos uma minoria de todos esses necessitados conseguisse uma oportunidade de “ser alguém na vida” (ironicamente falando) tornei-me um defensor das cotas nas universidades públicas.

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  8. As opiniões são várias, mas concordamos em um mesmo ponto: a educação básica no país deve melhorar. O pior de tudo, é que quando um candidato a presidente apareceu querendo dar prioridade à educção, não o levamos a sério.
    O povo brasileiro precisa acima de tudo de consciência política.

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