quinta-feira, 17 de setembro de 2009



A VOZ DOS BASTIDORES
(Vinicius Severo)


O ultimo abraço
Depois de se preparar e escolher a melhor roupa para a festa daquela noite, Paulinha foi ao salão dar um trato no cabelo. Fazia tempo que não saía com o namorado Cadu e estava louca para fazer uma surpresa e entregar o presente que há tanto ele pedia... A noite teria que ser perfeita, como ela sonhava. Nada de magia, ela só queria encontrar a felicidade. Linda, esperava o amado chegar a sua casa para dividirem a grana do táxi e ir para a balada que agitava toda a cidade naquele final de semana.Radiante, os segundos pareciam demorar a passar e ela mal via a hora de poder estar perto do seu amor naquela noite que tinha tudo para ser especial. Ao olhar pela janela, avistou aquele rapaz escondendo as flores e se preparando para tocar a campainha. Rapidamente Paulinha foi dar a última olhada no espelho para atender o amado, deu um toque no cabelo e pronto. Ao abrir a porta, lá estava ele impecável com um sorriso nos lábios, e sem pensar entregou a ela as flores. Há tempos Paulinha não se sentia tão feliz e não tinha como não transbordar de alegria com aquelas lindas flores. Ainda assim, sentia algo diferente no olhar de seu amado. Minutos depois saíram de casa e pegaram o táxi. As luzes da noite refletiam no seu rosto e abraçada em seu amor ela esquecia do mundo, aquele abraço a confortava tanto e o perfume dele amenizava a saudade que sentira nas últimas semanas.Logo que chegaram à boate, Cadu logo abandonou Paulinha para se juntar aos velhos amigos e se agarrou a uma latinha de cerveja. A menina sentia que todo o encanto da noite começava a se dissipar, mas tentaria impedir o afastamento do amado ao tocar a música deles, uma canção pop antiga de quando se conheceram em uma viagem. Correu na direção dele e o abraçou dizendo: “lembra, amor?”. Ele mal respondeu e foi contrariado para a pista de dança com a namorada. Paulinha sentia Cadu longe e não entendia o que estava acontecendo. Na verdade, tinha medo de admitir o que sentia... Depois da dança em que deram o último abraço, o garoto voltou a se afastar e Paulinha ficou com suas amigas. As horas passaram e ela triste não sabia o que pensar, já tinha vontade de ir embora, quando uma das amigas avisou: “Paula, não é o Cadu lá com aquela menina?”. A menina ficou imóvel, apenas levantou-se e foi embora para casa, aos prantos. Depois de chorar e se trancar em casa, incomunicável por dias, uma mensagem apareceu no seu celular bem no momento que decidiu o ligar. Foi suficiente para ela entender aquela noite: “amor, me desculpa... Não tive coragem de confessar, estou com câncer e não sabia como te contar, por isso fiz aquilo. Espero que um dia me perdoe. Sempre teu, Cadu”.

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