quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A VOZ DA GALERA
(Fernanda Fernandes)

Apelo verde esperança
Esses dias fui surpreendida com a seguinte visão: uma menininha de mais ou menos seis anos, chamando a atenção da mãe por esta ter colocado papel no cesto de lixo orgânico. Fiquei maravilhada com a cena, uma criança tão pequena, com uma consciência ecológica tão agucada. Mas meu ânimo não durou muito tempo. A mãe, contrariada pela represália da filha, logo emendou: "Não faz diferença, é tudo lixo...". Ah, assim me enfraquece, né?! A criança ali, disposta a cooperar para que os netos dela ainda tenham um planeta pra viver, e a mãe, muito inteligente, responde que coleta seletiva é perda de tempo.É por causa dessa falta de preocupação, que o nosso planeta está literalmente derretendo. Quem se importa com a alta emissão de carbono? o que interessa é ter um carro e não precisar andar de ônibus lotado. Quem se importa com a separação do lixo? isso exige muito tempo do seu dia.Desculpem o clichê, mas o planeta está morrendo e nós não fazemos nada mais a não ser olhar o fim se aproximando...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009


FERRONY

(Alessandro Ferrony)

Errar e assumir: vocês estão prontos?

Confesso que como colunista deste blog ainda não me dei a oportunidade e o respeito aos demais colegas de ler as colunas alheias pra saber por onde vai o pensamento de meus parceiros escribas. Isso é um erro e é motivado pela correria e pela preguiça, duas belas e solenes desculpas que todo mundo adota, não importa a ocasião. Mas logo colocarei a leitura em dia, essa semana ainda, tenham absoluta certeza.

Pois bem, mas este meu erro não chega a ser grave. Hoje eu vou tratar de um erro maior, quando a gente erra na hora de votar. Eu já errei na hora de votar. Não na última eleição, que foi local. Nessa eu votei certo pra prefeito e pra vereadora e estou me orgulhando das minhas escolhas. Mas na penúltima vez que votei errei feio, bem feio.

Taí uma coisa bonita e útil: admitir o erro, dar o braço a torcer. Uma coisa é a gente votar em fulano ou ciclano e depois cobrar se achar que não estão correspondendo às nossas expectativas, individuais e coletivas, evidentemente, e dar aquele puxão de orelhas pra ver se entram na linha. Mas tem aqueles que a gente vota errado e depois percebe que são baita falcatruas e chefes de quadrilhas, inclusive, que daí não tem como a gente se manifestar porque em alguns casos não vale a pena.

Mas em outros casos é bom a gente deixar que sangrem até a última gota, entronados e com o cetro na mão, mas bastante debilitados e tomando pau da mídia diariamente. Mídia esta que é bom salientar que JAMAIS será mediadora da realidade, e sim ATRIZ DA POLÍTICA, assumindo o papel e induzindo os leitores/telespectadores/ouvintes/internautas a votar naqueles candidatos que forem mais convenientes e servis aos interesses dos donos das empresas de comunicação (leia-se $). O que não dá mais é a gente ficar assistindo a mídia escolher o candidato que ela quer e ir na onda, achar que somos nós que estamos elegendo A ou B. A mídia não é só uma atriz, é uma prostituta. Uma putana dessas bem baratinhas, que fazem ponto no meio-fio com a bunda e as tetas à mostra.

Então, já sabem: ano que vem tem eleição outra vez e creio que a maioria dos leitores deste blog não tenha ainda idade suficiente pra ter votado mais que duas vezes na vida, então, se em alguma dessas oportunidades já erraram, dia 03 de outubro de 2009 terão a chance de acertar, pra não deixar que o nosso estado e o nosso país sejam eternos palanques de politiqueiros falastrões e palco de negociatas escusas.


terça-feira, 27 de outubro de 2009


REREVOLUÇÃO

(Matheus Tatsch)

"Paguei 10 reais

e repeti o prato

Já o outro

pagou com sua vida

e não repetiu

nem o dia"

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

XIS

(Leticia Pereira)


Eles são a Lenda
Sou fã de Stephen King. Acho que o único escritor que se compara a ele é Richard Bachman (isso foi uma piada pra quem não sabe Bachman é um pseudônimo do Stephen). Todo autor é meio louco e todo louco que se preze tem um pseudônimo. Estou escolhendo um pra mim...
Voltando a falar sobre o meu ídolo, o melhor escritor de contos de horror fantástico e ficção de sua geração (não discuta comigo). Seus livros foram publicados em mais de 40 países e muitas das suas obras foram adaptadas para o cinema. Deu pra entender né, que eu sou muito fã do cara. E quando vou à biblioteca da faculdade dar uma “espiada” na estante 813 (uma estante inteira de livros de terror) ocasionalmente encontro outros loucos como eu. Puxamos papo, falamos de coisas “cultas” e tal e é claro sobre o Stephen. Então um deles me pergunta: sabe qual é o autor preferido do Stephen? Richard Matheson.

Nunca tinha ouvido falar do cara. Mas, como uma fã que se preze, pesquisei no Google. E adivinhem? Conheço e muito bem o cara. E ele é literalmente O CARA. Jornalista, escritor e roteirista de filmes. Me apaixonei.
E aposto que você também conhece ele. Quem não chorou olhando Amor Além da Vida? Ou se apavorou com o seriado Além da Imaginação? Quem não se emocionou com o Dr.Robert Neville se sacrificando para salvar o mundo em Eu Sou a Lenda? Um filme pós-apocalíptico de ficção científica/terror de 2007, dirigido por Francis Lawrence e estrelado por Will Smith. É a terceira filmografia adaptada do livro homônimo de Matheson, precedida por Mortos que matam (1964) e A Última Esperança Sobre a Terra (1971) – todos absolutamente distintos, representando o cinema de suas épocas.

Smith interpreta o virologista Robert Neville, que é imune a um vírus originalmente criado para curar o câncer. Ele trabalha para criar uma cura enquanto vive em Manhattan no ano de 2012, numa cidade habitada por mutantes vítimas do vírus transmitido pelo ar, diferente do livro que é atemporal e fala da infecção da população por vampirismo. O mais impressionante é que em 1954, Matheson detalha como um ser tão mitológico quanto o vampiro, pode ser explicado de forma lógica e científica. A Warner Bros detém os direitos do livro desde a década de 70 e quase lançou o filme em 90, com Ridley Scott como diretor e Arnold Schwarzenegger como protagonista, mas o orçamento cresceu tanto que ambos deixaram o projeto.
Livro e filme não trazem finais felizes para Neville (o filme tem um final alternativo feliz nos extras do DVD), porém o livro é mais apocalíptico e pessimista, há certa reflexão sobre o comportamento do protagonista para com os infectados, ele até se sente atraído pelas mulheres. Robert Neville do livro é uma lenda no sentido pejorativo, como se fosse um ser realmente extinto, que fica trancado em casa, bêbado, se lamentando. Já o Dr. Neville, soldado e cientista, no filme é um herói, um mártir.

Quer saber? Leia o Livro, veja o filme! Que ao que tudo indica terá uma seqüencia, com o roteiro feito pelo próprio Richard Matheson.

domingo, 25 de outubro de 2009


CONTO DA VEZ
(Pietro Mello)


A Moldura

Ela: era de um dourado desbotado, cujo brilho fora levado pelo tempo. Havia lascas e arranhões num dos cantos. As florzinhas em relevo que enfeitavam as bordas, agora já tomavam ares de natureza morta. Fora comprada pelo velho, logo que casara há mais de meio século numa pequena lojinha de bugigangas que ficava localizada na esquina da rua principal, e desde então, nunca saíra daquela parede verde musgo.

Em sua essência: a imagem em preto e branco. Um homem vestindo um calção de listras, o peito nu, os dentes tão alvos quanto as nuvens dum dia claro, o corpo magro e os cabelos lisos e molhados. Abria os braços como se abraçasse o vento; uma mulher de longos cabelos louros segurando pela mão um menino, seus cachos, apesar de estáticos, dançando com a brisa, e o sorriso estampava em seu rosto a alegria do momento; o menino tinha um ar sério enquanto segurava sua mãe pelos dedos. O cabelo era escuro e muito curto, a pele bronzeada e os olhos semi-serrados pelo forte sol; o mar ao fundo tremulava, e ao olhar os guarda-sóis, tinha-se a impressão de que a qualquer momento levantariam voo e alcançariam o céu.

A moldura guardava em si, longas datas de existência. Desde a foto, muito tempo se passou. A mulher morrera fazia dez anos, vítima de problemas pulmonares. O garoto, agora vivia longe. Casara-se com uma mulher mais velha havia treze anos. Antes, ele e a mulher visitavam a casa de parede de musgo uma vez por ano. Após a morte da mãe, as visitas tornaram-se meros telefonemas no natal.

Ele: tinha a barba branca e longa, a testa enrugada e os olhos pareciam grandes demais através dos óculos de lentes grossas. Sentado na velha poltrona vermelha, apoiava os pulsos numa bengala de madeira forte. As veias muito aparentes saltavam na mão branca. A perna direita a tremer, a esquerda a dormir. Contemplava a essência da moldura. Olhava-se nela e lembrava-se dos tempos em que a praia era seu maior refúgio. Onde o tempo parecia sossegado e o planeta dava a impressão de estacionar em sua órbita. Pensava na esposa que possuía aqueles cachos tão dourados e brilhantes. Recordava os castelos de areia que construía com o filho. Lembrou-se da vez em que ao terminarem de construir um castelo, uma forte chuva começou a cair. Todos saíram do mar. As pessoas fecharam suas cadeiras e barracas. As mulheres e crianças se exaltaram. Os relâmpagos iluminaram o céu, e as ondas se tornaram assustadoramente grandes. O pai e o filho apenas permaneceram com os olhos voltados para a sua construção na praia , e assim ficaram até as gotas destruírem sua última torre.
O olhar não dizia nada, mas em seu íntimo pensava apenas, que os dias foram claros e felizes e que a vida valera a pena. A imagem alegre da família enchia sua mente de todas as lembranças boas que guardava.
Aos olhos vieram a imagem do jardim que a esposa regava com tanto cuidado todas as manhãs. Da casa na árvore que fizera certa vez para o filho, e de cada sorriso e abraço familiar.
Se olhasse agora pela janela, veria apenas galhos escuros pelo chão. Contemplaria folhas secas que o vento leva e traz. Enxergaria a areia do deserto em seu próprio quintal e inspiraria somente a melancolia do lugar.

Solidão: o vazio das sensações em seu peito.
Por isso, preferia vislumbrar a parede de musgo e a natureza morta que era a moldura, mas principalmente gostava de sentir sua essência. Esta sim lhe trazia as memórias, os gostos, os cheiros e lhe permitia tocar o passado com os dedos.
De repente: uma lágrima a correr debaixo dos seus óculos.
Os olhos se apagando, a respiração sumindo , a perna até então trêmula, a adormecer. O pensamento se esvaindo. A alma se transformando em anjo. As mãos se abrindo. Um último suspiro. Uma bengala ao chão.

Morte: algo que não se representa numa moldura, mas que fica para sempre nas memórias de sua essência

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


FERRONY
(Alessandro Ferrony)

A Coordenadoria e os estudantes
Eu pensava que nunca ou que então fosse demorar bastante até eu escrever algo pra coluna relacionado ao meu trabalho. Mas como exerço um cargo público também não tem porque não trazer à tona certos aspectos do meu cotidiano, misturando o pessoal e o profissional. Bom, espero que não seja algo desinteressante... acho que não. Pois bem, como noticiado anteriormente, inclusive aqui no blog (vá até os links de arquivo), Cachoeira agora tem o seu órgão governamental gestor de juventude. Em alguns municípios é secretaria, em outros diretoria, aqui se chama Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas Para A Juventude. Uma tripa esse nome, né? Mas isso é o que menos importa e a galera já tá chamando simplesmente de Coordenadoria da Juventude. E o que mais importa é o trabalho que eu e as coordenadoras-adjuntas temos para desenvolver.

Através desse órgão o nosso município já pode se habilitar ao Pronasci Pleno. O Pronasci é um programa do Governo Federal e através dele Cachoeira já obteve algumas conquistas, como viaturas para a polícia, computadores, etc. Mas para poder acessar recursos do Pronasci Pleno, ou seja, um Pronasci mais encorpado, é pré-requisito a administração municipal ter um órgão gestor de juventude. Agora tem, e por uma questão estratégica ainda não estamos divulgando com quais modalidades do Pronasci já estamos envolvidos, justamente porque os trâmites burocráticos demoram, é ofício pra lá, ofício pra cá, ligação pra deputado tal em Brasília, mil detalhezinhos. Mas fiquem atentos, nos próximos meses tem coisa boa a que a gurizada nem sonha chegando no pedaço...

No momento nosso cavalo de batalha é a reorganização do movimento estudantil secundarista, que já foi muito forte e reconhecido até fora do país, já teve dirigente da finada Umesc que viajou para fórum de estudantes em Cuba para falar sobre a experiência do movimento estudantil cachoeirense. E é por essas e por outras que eu não consigo aceitar que esse movimento tenha morrido. Por isso, e inclusive é algo que está previsto por lei, a Coordenadoria tá botando uma pilha aí na gurizada dos grêmios estudantis das escolas que tem Ensino Médio, pra que somem esforços, sem vaidades e com muito suor, para que a voz dos estudantes de Cachoeira volte a ser ouvida. Os estudantes sempre tiveram opinião e não podem agir de maneira passiva. Tem escolas aí onde a direção quer mais é que os alunos sejam ovelhinhas obedientes, que não saibam questionar. E a galera peca muito hoje em dia com o individualismo. Todo mundo quer se dar bem, é claro, isso ninguém condena, quem não quer? Mas há maneiras e maneiras de se dar bem. E por que não fazer um trabalho em conjunto, onde não só alguns, mas todos possam se dar bem? E é no bem coletivo que eu não consigo parar de pensar.

O jovem não pode ser um cordeirinho na mão de um professor ou diretor, tem que se rebelar, questionar e, questionando sua própria escola, questiona a sociedade. Questionando a sociedade, questiona o mundo. E isso se chama transformação. Nesse sentido, já demos os primeiros passos, animadores. Tem um povo aí bastante interessado e a grupo vai aumentar. Alguns toques que eu precisava dar já dei e agora é só persistir, pra que daqui a pouco a gurizada possa ter uma nova associação de estudantes fortes, ou que ressuscitem uma das que já existiram por aqui, como eles bem quiserem, e possam ter a autonomia necessária, sem precisar de vínculo com nenhum governo e nenhum político, independência mesmo.

E eu, vestido ou despido do cargo de coordenador da Juventude, como cidadão vou estar sempre aí pra dar uma mão. Avante, gurizada.


terça-feira, 20 de outubro de 2009


MISTO QUENTE

(Rogerio Colombelli Mielke)

Bom pessoal na coluna de hoje, eu gostaria de compartilhar com voces um texto que recebi por email, e acho que vale a pena repassa-lo.Abraços a todos e espero que gostem.


EU, sentar ao lado de um negro?????

(FOLHA DE SÃO PAULO / março 2006)

Uma mulher branca, de aproximadamente 50 anos, chegou ao seu lugar na classe econômica....e viu que estava ao lado de um ...passageiro negro.Visivelmente perturbada, chamou a comissária de bordo.

- Qual o problema, senhora?, pergunta uma comissária.

- Não está vendo? respondeu a senhora.- Vocês me colocaram ao lado de um negro. Não posso ficar aqui. Você precisa me dar outra poltrona.

- Por favor, acalme-se, disse a aeromoça. Infelizmente, todos os lugares estão ocupados. Porém, vou ver se ainda temos alguma disponível'.

A comissária se afasta e volta... alguns minutos depois.

- Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre na classe econômica. Falei com o comandante e ele confirmou que não temos mais nenhum lugar nem mesmo na classe econômica'.E continuou:

- Temos apenas um lugar na primeira classe.E antes que a mulher fizesse algum comentário, a comissária continua:

- Veja, é incomum que a nossa companhia permita à um passageiro da classe econômica se assentar na primeira classe. Porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa tão desagradável .E, dirigindo-se ao senhor negro, a comissária prosseguiu:

- Portanto, senhor, caso queira, por favor, pegue a sua bagagem de mão, pois reservamos para o senhor um lugar na primeira classe.

E todos os passageiros próximos, que, estupefatos, assistiam à cena, começaram a aplaudir, alguns de pé.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009


ENTRE ASPAS
(Pablo Raphael Severo)


Carta de Bento Goncalves ao regente do Império do Brasil aos 12 de outubro de 1835.

Senhores.- em nome do povo do Rio Grande depuz o governador Braga, e entreguei o governo ao seu substituto legal marciano pereira ribeiro. E em nome do Rio Grande eu lhe digo q nessa província extrema, afastada dos corrilhos e conveniências da corte, dos rapapés e salamaleques, não toleraremos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer espécie. O pampeiro destas paragens tempera o sangue rio-grandense de modo diferente do de certa gente que há por ai. Nos, rio-grandenses, preferimos a morte no campoaspero da batalha do que as humilhações nas salas blandiciosas do paco do rio de janeiro. O Rio Grande e a sentinela do Brasil que olha vigilante para o rio da prata. Merece, pois, mais consideração e respeito. Não pode, nem deve ser oprimido por déspotas da fancaria. Exigimos que o governo imperial que nos de um governador de nossa confiança, que olhe pelos nossos interesses, pelo nosso progresso, pela nossa dignidade, ou nos separaremos do centro, e, com a espada na mão, saberemos morrer com honra ou viver com liberdade. E preciso que V. Exa.saiba, Sr regente, que e obra difícil, senão impossível, escravizar o rio grande, impondo-lhe governadores despóticos e tirânicos. Em nome do Rio Grande, como brasileiro,eu lhe digo, Sr. Regente, reflita bem antes de responder, porque da sua resposta depende talvez o sossego do Brasil. Dela resultara a satisfação dos justos desejos de um punhado de brasileiros que defendeu contra a voracidade espanhola uma nesga da pátria; e dela também poderá resultar uma luta sangrenta, a ruína de uma província ou a FORMACAO DE UM NOVO ESTADO DENTRO DO BRASIL”.
Carta de 12 de outubro de 1835, onde Bento Gonçalves fala pela primeira vez em separação da província, se não atendidas as exigências da revolução, colocando o governo imperial num dilema.
Esta belíssima carta demonstra fielmente a tradição de sermos um povo politizado e culto, porém com seguintes escândalos, envolvendo não apenas o nome da nossa atual governadora, que por sinal é paulista, uma raia no estádio Engenhão custou a bagatela de 40 milhões, este foi o custo de uma, ou melhor a nona raia. Lembrando apenas que pessoas sem personalidade são nada.
‘’Quanto menos você sabe, mais acredita’’.

domingo, 18 de outubro de 2009

REREVOLUÇÃO

(Matheus Tatsch)

Tentativa ou tentação?
o brilhar
o olhar
o brilhar
do sorriso
o pensamento
a idéia
o argumento
a matéria
o pé
junto ao pé
o observar
da maré
de pessoas
as pessoas
nós, pessoas
enamorando-se
em raios banhados
de paixão e razão
nós, pessoas
pessoas que tentam
pessoas que se tentam
pessoas que tudo tentam
para a outra tentar
seria a tentativa pequena demais
ou a tentação demasiado grande?
pessoas, juntas, cada vez mais
mãos, correndo, juntas, em debande
Versuchung oder Versuch?

sábado, 17 de outubro de 2009


A VOZ DA GALERA

(Fernanda Fernandes)

Detesto coisas padronizadas, na verdade tenho um verdadeiro pavor disso. Dia desses passeando com meu namorado por aí, parei para apanhar algumas amoras do pé (adoro amoras...), quando o Pietro vira pra mim e fala "Amor, tem um bicho ali!" e eu, na maior calma do mundo respondo "deixa o bicho". Juro que a cara dele foi impagável. Sabe aquele misto de espanto e frustração? Pôxa, só porque sou mulher não significa que vou fazer um escândalo por causa de um inseto, não é?
Nunca achei a mínima graça em usar as mesmas roupas que os outros, em ouvir as mesmas músicas, ir aos mesmos lugares. Acho o normal uma coisa muito da chata. Porque cargas d'agua então eu me comportaria como a maioria?
Não sou do tipo fresca e gosto de coisas atípicas. Meu negócio é saira na rua cantando alto, em correr feito louca dando gargalhadas, ou simplesmente abrir os braços quando bate uma brisa.Sou a favor das pessoas serem felizes sem serem uns robozinhos. Adoro gente estranha, cheia de mania, tenho uma simpatia por excluidos e pelos imcompreendidos também.
Eu não quero ser um ítem de série, e você?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009


MISTO QUENTE
(Rogerio Colombelli Mielke)

Aos mestres com carinho

Hoje dedico minha coluna a eles que passam a maior parte dos seus dias nos passando seus conhecimentos; a eles que estão sempre pronto a nos ajudar; eles que ficam sinceramente felizes com nossas vitorias e conquistas; eles que passam horas corrigindo as bobagens que nós escrevemos; eles que nos aguentam quando estamos com uma pulga na cueca; eles em quem botamos a culpa quando vamos mal nas provas; eles que nao agradecemos quando vamos bem nas provas; eles que mesmo ganhando o que ganham estao sempre dispostos a nos ensinar.

Não é clichê dizer que o dia do professor é todos os dias. Esses seres iluminados, pacenciosos, sabios e amorosos merecem todo o nosso reconhecimento todos os dias. Infelizmente na epoca em que somos jovens rebeldes( essa fase é inevitavel) nao damos o valor que nossos mestres merecem, e só depois que chegamos nos vestibulares da vida é que vamos recordar o quanto eles foram essenciais.

Meus queridos primeiros professores ( familia), voces sempre foram e sempre serao meus eternos professores, pois sonho em um dia ser pelo menos a metade do que voces sao Por isso estou aprendendo com voces diariamente.

Meus queridos professores dos tempos de colegio, me perdoem pela forma com que eu agi nessa epoca, eu realmente era um jovem rebelde, mas saibam que voces ajudaram a construir o carater que eu possuo hoje, e eu me orgulho desse carater. Por isso só tenho a agradecer de coração por tudo o que fizeram por mim.

Meus queridos professores da faculdade, estao sendo peça fundamental para eu ser alguem na vida. Estou muito feliz por estar rodeado de mestres como vocês. Obrigado por tudo o que farão e o que já fizeram por mim.

Parabens queridos professores em geral, não sei o que seria do nosso país sem o conhecimento de vocês. Obrigado.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

FERRONY
(Alessandro Ferrony)

As amizades
Dia desses me peguei pensando no motivo pelo qual o Rogerinho me convidou pra ser colunista do blog, e surgiram várias desconfianças: Seria porque uma vez ele me viu no Pepsi On Stage cheio de credenciais do show do NOFX no pescoço e se apaixonou por mim? Será que ele lia minhas matérias, resenhas e entrevistas quando eu editava o Punknet? Ou porque uma vez vendi vários cds bem baratinho pra ele?
Acho que não foi por nenhum desses motivos, acho que foi por amizade. E o Rogerinho nem é um cara com quem eu convivo tanto assim, ao vivo e a cores, mas mesmo à distância a gente mantém esse vínculo, porque é uma amizade sincera e sem interesses, de parte a parte. E que bom se eu pudesse ter só amigos que nem o Rogerinho, mas isso é mera utopia.
Tem quem ache que amigo bom é aquele que tem alguma utilidade, tipo o cara que tem carro e te dá carona pras festas, aquele que tem um monte de filmes, discos e livros e que dá pra pegar sempre emprestado pra economizar, o que te convida pra dar uma banda e paga as cevas, outro que tem grana e pode emprestar e nem sempre precisa pagar, e muitos outros exemplos.
Eu já me enquadrei em alguns perfis de “amigo útil” em determinadas épocas, e sempre apareciam os interesseiros mostrando os dentes, sorrisos artificiais estampados nas caras de pau e cheios de segundas intenções. Com o tempo aprendi a selecionar as amizades e escantear os falsos, aqueles que te dão tapinhas nas costas quando as vacas estão acima do peso e, quando elas estão sem nenhum pastinho amarelado na volta, rapidinho somem.
É quando o tempo fecha que a gente vê quem é quem. Quando o azul do céu vira chumbo, nem todos ficam pra encarar juntos a tempestade de raios. É muito cômodo ser ou dizer que é amigo de alguém quando o cara tá por cima da carne seca, tem uns que até buscam transferência de status se colando quando o cara tá bem. Mas eu já vi a casa de muitos caindo e não ter ninguém pra ajudar a segurar o desabamento ou então pra reerguer as paredes.
Já passei por situações difíceis também, épocas de desesperança, chateações, sacanagens gratuitas, vários quadros de dor, extrema dor. E nem sempre tive ajuda dos amigos, com quem eu contava, mas também em alguns casos eu não deixava que os problemas ficassem expostos como uma fratura, uma vez que eu queira eu sei muito bem disfarçar, manter a discrição e até mesmo as aparências, mas faço isso pra me proteger e não pra me enganar. Mas o bom mesmo é ter amigos, bons amigos ao redor pra poder desabafar, pra ouvir sugestões, pra olhar no olho e sentir confiança e, se os papéis forem inversos, poder fazer o mesmo.
Tem uma música do Roberto Carlos onde ele diz que quer ter um milhão de amigos. Imaginem... um cara que nem ele com essa quantidade de gente pra dar atenção. Pelo menos uns 999.990 desses “amigos” estariam tapados de segundas intenções, por causa da fama e da grana do Rei, ou vocês acham que não? Mas acho que ele escreveu isso num momento de fraqueza, de solidão. Pô, mas o Robertão já tem o Erasmo, um amigo de fé, um irmão camarada, um amigo que vale por um milhão. Eu se eu perdesse os meus amigos de verdade que não passam de dez eu me sentiria pior do que o Roberto quando morreu a mulher. Porque amores vão e vem, a vida impõe seu ciclo e imprime sua velocidade de acordo com o que está designado pra cada um. Mas as amizades não, as que se vão, se vão e não voltam.

Por isso, preserve suas verdadeiras amizades, ela sim são as verdadeiras joias que a gente deve ter orgulho de ostentar, proteger e preservar.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

IMAGENS BIZARRAS

Vejam abaixo essa imagem enviada por Leticia Pereira, e procurem as 7 diferenças dessa foto.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

XIS
(Leticia Pereira)

Não saia com ele!
Uma bela manhã de quinta-feira. Eu pensava na vida me aquecendo no solzinho do campus da faculdade, enquanto meu ônibus não chegava. Comecei então a observar os meus companheiros matadores de aula: um cara de jaleco branco, com ar desesperado lendo um livro enorme “deve fazer medicina”, pensei (mas poderia ser qualquer coisa: farmácia, estética, fisioterapia, enfermagem, ou ele poderia simplesmente gostar de roupas brancas) e duas meninas que falavam alto, com aquele ar inconfundível, aquele que as mulheres fazem quando estão fofocando.

Não resisti. Tirei os fones do ouvido e comecei, sutilmente, a ouvir a conversa delas (não me julguem). A loira e a ruiva. Obviamente estavam falando de homens, roupas, homens, festas e homens. A ruiva então perguntou: e o *João? A loira então fez aquela cara de assassina, aquela que as mulheres fazem quando estão prestes a falar mal de alguém e bem na hora que foi responder... Um colega veio perguntar qual alternativa eu tinha marcado na questão numero 9 da prova de Filosofia. Depois de responder que eu não lembrava (mentira eu lembrava sim) voltei minha atenção as duas meninas e ouvi a loira dizendo: “Ah, desisti. Achei ele no não saia com ele.” Não saia com ele? A ruiva perguntou. É! O site, respondeu a loira.
Já era 11:15. Hora de voltar pra cidade. Levantei, limpei a bunda, peguei a bolsa e fui para o estacionamento, para a guerra diária por um bom lugar no ônibus (na janela e do lado que não bate sol). Durante a viagem inteira, as palavras da loira ecoaram na minha cabeça. Site? Não saia com ele?
Quando cheguei em casa “fui” no Google, e digitei as palavras mágicas: não saia com ele. Bingo! Lá estava. O site é fantástico (para as mulheres claro). São depoimentos mandados por garotas de todos os cantos do Brasil contando as experiências com caras que, de acordo com elas “não valem nada”. As histórias são diversas: caras com várias namoradas, que beijam mal, que são “ruins de cama”, que fedem, que bebem, que traem e todas essas qualidades juntas. E mais, as meninas mais ousadas (ou seria mais magoadas?) até mandam fotos, e o perfil do Orkut deles. O site é super bem organizado,com termos de uso, que “evita vocabulário jurídico desnecessário” (não é brincadeira), tem uma ferramenta de busca: dá pra digitar o nome do sujeito e ver se ele tem mesmo a ficha limpa. Afinal, se a polícia mantém um arquivo para busca de antecedentes criminais, porque nós não podemos consultar os antecedentes de nossos queridos antes de entrar numa roubada? Tem endereço para contato, e até um e-mail especial onde os “ofendidos” podem reclamar, ou se defender.
O que me decepcionou foi que a última postagem foi feita em 2008. Ou os caras mudaram e nós não temos mais do que reclamar, ou o site foi tirado do ar, pensei. Adivinhem a resposta? Descobri (no meu amigo Google) que o site foi proibido pela justiça do-não-sei-o-que-lá de fazer novas postagens. Com certeza uma menina saiu com um palhaço “influente” que acabou com a diversão de milhares de garotas.

*Os nomes foram modificados para preservar a identidade dos envolvidos.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

FERRONY

Hoje tem inicio a coluna do grande Jornalista Alessandro Ferrony. Ele que atualmente trabalha como coordenador municipal da juventude de Cachoeira do Sul/RS, e tem um grande papel na nossa cidade. Seja Bem vindo amigo Ferrony e parabenss pelo teu aniversario que é hoje.



FERRONY

(Alessandro Ferrony)

A vila dos apedeutas

Há muito, muito tempo atrás, havia uma pequena vila erguida às margens de um rio. Era uma vila simpática, seus moradores eram basicamente imigrantes e descendentes de povos europeus. Além das casas da vila existiam os campos, onde as pessoas semeavam alguns grãos. Plantavam para comer, basicamente. A tecnologia avançou e aos poucos aquela gente não se contentava somente com a subsistência baseada em sua produção agrícola.

Mercadores vindos de paragens distantes traziam as novidades e convenciam os habitantes da vila que o supérfluo era o necessário, cada vez que a visitavam.
Mas aquela prática mercantilista não acontecia só naquele lugar. A roda girou e as engrenagens de novos tempos fizeram com que aquilo se tornasse um padrão universal. Povos mais evoluídos conseguiam prosperar mais velozmente tendo como dínamo o comércio de sonhos, sensações e necessidades fugazes, quase sempre embaladas de forma compacta, geralmente em dose única.

Mas a vilinha banhada por aquele rio de águas calmas e caudalosas ainda demoraria um pouco mais do que o normal para estar a par de tudo o que era criado e usado na metrópole. Porém, aqueles que a visitavam, voltavam cantando em prosa e verso suas vantagens.
Justamente por isso alguns integrantes daquela quase tribo resolveram que era melhor levantar acampamento ou, ainda, dependendo da idade que tivessem, enviar sua prole em busca das atualizações disponíveis. A prática foi sendo repetida por muitas famílias durante décadas e décadas e, em dado momento, havia três vezes mais gente com raízes naquele lugar vivendo em outros rincões, e não mais lá.

Mas, mesmo essa gente vivendo sobre a terra que lhes pariu ou bem longe de sua manjedoura, uma coisa não mudava: a incapacidade de absorver conhecimentos, de aprender novas e boas lições, que pudessem aplicar onde quisessem, sem o egoísmo de querer represar conhecimento ou cultura. Não, nem isso. Quem dera aprendessem algo e não passassem adiante, seria dos males o menor. Aquela turba de famélicos intelectuais até tentava de alguma forma tomar ciência de várias coisas, mas simplesmente não conseguiam, por mais que tentassem.

Eles iam, eles vinham. Ficavam mais e menos tempo, tinham mais ou menos soldo. Alguns até conseguiam enganar seus pares e semelhantes, mas por pouco tempo. Mas nunca conseguiram de fato evoluir. Nem mesmo por osmose seria possível. Por mais que tentassem. Não conseguiam. Nada aprendiam. Por mais que tentassem. Nem mesmo se nascessem de novo, ou fossem reinventados. Por mais que tentassem.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

MISTO QUENTE

(Rogerio Mielke)

Estudando Tom Zé
Eu adoro a musica brasileira. Acho ela tão rica e tão cheia de tudo. O cheia de tudo que eu quero dizer, é essa mistura de ritmos, instrumentos, vozes, culturas e etc. Bom, e como falar nisso tudo sem citar o nome do grande Antônio José Santana Martins mais conhecido como Tom Zé.

Sim esse cara nasceu de uma familia "montada na grana" por causa de um bilhete de loteria premiado. Mesmo com essa situaçao financeira previlegiada ele nao deixou de cantar em prol dos que não tinham tanta sorte.
Esse grande compositor, cantor e arranjador participou do grande movimento contra a ditadura chamado de Tropicalismo nascido nos anos 60. No ano de 1968 tirou primeiro lugar no IV Festival da musica popular brasileira com a musica "São, São Paulo meu amor".

Após esses acontecimentos sua popularidade decaiu um pouco devido ao seu modo de arranjo, que era experimental, ele queria inovar. No final dos anos 80 ele foi descoberto pelo musico David Byrne,que tocava na famosa banda Talking Heads, e entao foi levado para os EUA, lá fazendo um sucesso estrondoso.
Nessa trajetoria cheia de altos e baixos ele lançou 19 discos , e esta com o seu ultimo trabalho lançado em 2008 chamado Estudando a Bossa.Esse disco é brilhante e mostra que Tom Zé esta na sua melhor forma.

Esse é um musico completo e original com uma discografia que vale a pena acompanhar. Essa é minha dica de hoje, ovindo Tom zé, voce vai ouvir muito mais que musica, voce vai ouvir poesia pura em forma de palavras e sons.

sábado, 3 de outubro de 2009



A VOZ DA GALERA

(Fernanda Fernandes)

Ano que vem abre oficialmente a temporada de caça. Aos eleitores.O ano de eleiçoes presidenciais está aí, batendo à nossa porta, e mal 2009 vai acabando, os partidos já se acotovelam para formar alianças, definir seus candidatos e formar estratégias. Mais uma temporada de falsas promessas, candidatos desmentindo boatos (muitos deles verdadeiros), oposição atacando situação, e, claro, muita, mas muita bizarrice mesmo.Isso tudo me faz refletir no caos que é a política brasileira atualmente.

Senadores que parecem ter sido coloados à super bonder na cadeira da presidência do senado, outros que depois de terem roubado a poupança de milhões de brasileiros e sumir por uns tempos pra esfriar a cabeça, aparecem milagrosamente eleitos. Há ainda os que possuem castelos gigantescos, dignos da realeza britânica, mas que por um conveniente problema de amnésia, "esquecem" de declarar tal propriedade no imposto de renda.Juro que tenho vergonha do meu país nessas horas.

Do que adianta sermos sede das olimpíadas de 2016, baseando-nos nas belezas naturais do país e na alegria do nosso povo, se ao mesmo tempo somos o país com a política mais corrupta do mundo?Semana passada foi entregue ao congresso uma abaixo-assinado com mais de um milhão de assinaturas, pedindo a aprovação da lei que impede que políticos em dívida com a justiça sejam eleitos. Levando-se em consideração que mais da metade de Brasília está envolvida com pequenas e grandes maracutaias, acho díficil que essa lei seja aprovada.
O que nos falta é atitude e coragem ( e talvez união também), para que possamos limpar nosso país dessa corja.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

REREVOLUÇÃO
(Matheus Tatsch)

Príncipes e reis do século 21
construindo e reconstruindo castelos
destruindo sonhos, um a um
e deixando um a um, com seus farelos.

Desmunidos atacam corações
corações, desprotegidos, atacam
e como quem pede doações
os pobres corações fracassam.

Outros catam milhos
já nele brilha o olho
o que contará aos seus filhos:

"disseram que soneguei
como são caolhos
fiz o certo: só neguei"

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A voz das Ideias

Pessoal hoje começa a coluna do, academico de publicidade e propaganda na Universidade Federal De Santa Maria( Ufsm), Joao Arthur Homrich. Seja Bem vindo Joao, e pessoal espero que gostem, porque ele é um grand escritor. Abraços a todos e fiquem com a Voz das Ideias


A VOZ DAS IDÉIAS

( João Arthur Homrich)


2012

Sabe, eu queria escrever algo atemporal, mas não vou conseguir. "O tempo é uma ilusão", como diria Stephen Hawkins e outros físicos, mas todos os seres humanos caem vertiginosamente nessa ilusão e são regidos por ela. O que pensar de uma raça que é governada por uma variável inexistente perante a complexidade minúscula da matéria de um átomo? Uma vez sendo humano, também tenho minhas ações pesadas na necessidade de tempo ou no assombro que a falta dele pode causar. Sendo assim, não vou fugir disso para escrever.

Portanto, vamos aos fatos temporais: hoje tenho 18 anos, estou na faculdade e tenho pouco tempo para acabar esse texto; em 2012, terei 21 anos e provavelmente estarei formado.Alguns "estudiosos" dizem: o mundo vai acabar no ano de 2012 (isso não é um fato, mas uma projeção), uma vez que há uma profecia Maia baseada em alguns cálculos astronômicos (literalmente!), os quais demonstram que a terra vai mudar de maneira assustadora o seu ângulo de rotação e tudo mais.

Ok, você já ouviu diversas profecias, entretanto dizem que agora é sério, do mesmo jeito que sempre disseram. E quanta ironia, não? Justamente quando vou estar formado, dizem que o mundo vai acabar e quase não vou poder usufruir dos benefícios oriundos de um diploma na mão. Incrivelmente, não estou preocupado com o fim do mundo. Verdade, não estou! Se o mundo tiver que acabar, pois acabe. Eu não vou poder fazer nada mesmo, infelizmente. Não sou o filho do Jaspion para salvar o planeta de todos os perigos e eu não posso sequer me preparar para o fim de tudo, uma vez que o "estar preparado" significa que você está pronto para as conseqüências de determinado fato.

Contudo, o fim não é um fato, é apenas um fim e não vai ter conseqüência alguma, exceto a de que mais nada vai existir depois disso. Sendo um pouco sartreano, a existência é algo tão gratuito e quando a própria "gratuidade da coisa" está ameaçada decidimos nos preparar pra isso? Que ridículo!Já passo algumas horas do meu dia me preocupando com as outras pessoas, tenho o direito de ser um pouco egoísta e alimentar outras preocupações: o que fazer se o mundo não acabar? Antes de me preparar para o fim do mundo, preciso estar preparado para o começo de um novo; preparado para usar o meu diploma da melhor maneira possível. Hoje tenho bons colegas de aula, trabalho e festas; não preciso dar muitas satisfações pra ninguém; sempre me sobram uns dois reais e umas duas horas para dividir uma cachaça com os amigos ou o refrigerante pós futebol. Será que ainda vou ter isso depois de estar formado, no tão fatídico ano de 2012? Não sei.

Eu sei que, assim como o tempo, o futuro costuma ser uma ilusão da qual é impossível estar 100% preparado. É bem melhor se preocupar com o presente e com o que estou fazendo da minha vida agora; com a minha formação, ao invés da minha formatura. Com isso, o preparo vem naturalmente. Se a vida e o mundo continuarem existindo, vou aprender a vencer os obstáculos e me acostumar com a ordem natural dos acontecimentos; se, em contrapartida, a existência, o universo e a minha própria graduação acabarem... bem, estando preocupado em montar uma boa trama, o final sempre vai ser feliz, em 2012 ou em qualquer ano.